sexta-feira, 17 de agosto de 2012

365 DIAS DE ARTE

Crítico de Arte, de Raoul Hausmann

Em O Crítico de Arte, Hausmann satirizou os jornalistas, cujas críticas de arte podiam ser compradas com dinheiro; como sugerido com a colocação de um pedaço de cédula atrás do pescoço do crítico.


Raoul Hausmann (Viena, 12/07/1886 - Limoges, 01/02/1971) foi um artista plástico, poeta e romancista austríaco. Com o pseudônimo "Der Dadasophe", exerceu um destacado papel como dadaísta, participando dos grupos de Zurique e posteriormente de Berlim. Foi crítico às instituições da Alemanha durante os anos transcorridos entre as duas guerras mundiais.
Membro central do Dadaísmo, era conhecido pelos integrantes como o "dadósofo", porque também realizava escritos teóricos sobre o movimento. "O Crítico de Arte" é uma pintura ácida, que traduzia bem o movimento ao qual pertencia.
O Dadaísmo, em Berlim, associou-se aos movimentos dos trabalhadores e suas batalhas políticas. Ideologicamente alinhado com a esquerda, Raoul Hausmann começou a criar fotomontagens satíricas em 1918, como forma de protesto contra a sociedade burguesa.
Ele usava materiais do cotidiano, como fotografias, recortes de jornal e uma tipografia extrema. Os olhos rabiscados do jornalista, nesta obra, simbolizam a escuridão de sua visão. Isto significa que o julgamento do crítico de arte, assim como o de qualquer instituição é ineficiente.
A boca e os olhos da personagem principal estão cobertos por desenhos infantis, os olhos estão vendados e sua língua se enrola em direção à dama da sociedade. Além disso, a bochecha do homem está avermelhada, indicando que o julgamento do crítico está prejudicado pela bebida.
Raoul Hausmann faz uma autorreferência na obra. A renúncia do kaiser Wilhelm, em 1918, levou as classes políticas a manobrarem para conseguir o poder da Alemanha. Os dadaístas ridicularizaram essa ambição. O autorreferencial Hausmann inclui o seu próprio cartão de visitas, que o descrevia como "Presidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)".
O último aspecto que chama atenção na obra é a silhueta de um homem repleta de notícias impressas em jornal. Nela, está a palavra "merz", em negrito. Hausmann faz uma alusão ao pintor Kurt Schwitters e suas colagens "Merz". O artista teve sua entrada rejeitada no Clube Dadaísta de Berlim porque pintava paisagens - algo burguês.



Ficha Técnica: O Crítico de Arte

Autor: Raoul Hausmann
Onde ver: Tate Collection, Londres, Reino Unido.
Ano: 1919
Técnica: Litografia e fotocolagem em papel
Tamanho: 32cm x 25,5cm
Movimento: Dadaísmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário