A Dama de Shallot, de John William Waterhouse
A pintura foi inspirada em um poema que leva o mesmo nome, escrito por Alfred Tennyson. O poema, por sua vez, teve inspiração na lenda do rei Arthur. |
John William Waterhouse (06/04/1849 - 10/02/1917) foi um pintor neo-clássico e Pré-rafaelita do Reino Unido, famoso por seus quadros representando personagens femininas da mitologia e da literatura.
Filho de artistas, as suas primeiras incursões na pintura foram influenciadas pelo neoclassicismo vitoriano, pelo pré-rafaelismo e mais tarde sentiu-se atraído pelos impressionistas franceses. Se no início da carreira se dedicou a temas da Antiguidade Clássica, mais tarde debruçou-se por temas literários, sempre com um estilo suave e misterioso, repleto de romancismo que o permitem enquadrar no simbolismo.
Sobre a obra acima, John William Waterhouse se concentrou nos versos: "Rio abaixo, onde a vista não alcança/ Como um vidente em pleno transe.../ um brilho opaco no semblante/ Ela olhou para Camelot", para transformar o poema em pintura.
Neste trecho, a dama da lenda está presa há anos em uma torre de uma ilha fluvial, onde a única coisa que tem permissão para fazer é tecer. A dama não tem permissão para olhar pela janela, ou será amaldiçoada. Por isso, ela vê o mundo através de um espelho. No entanto, ao ouvir Sir Lancelot cantar, esquece a maldição e olha pela janela. Então a dama entra em um barco em direção à sua morte, em Camelot.
O pintor escolheu retratar este momento devido ao tema da mulher que abandonava a vida celibatária por uma paixão condenada, que era muito popular na literatura, na arte e no teatro vitorianos.
5 detalhes de "A Dama de Shallot" se destacam:
1 - O rosto da dama
A expressão da modelo e a sua cabeça ereta lembram uma situação de sofrimento. A dama sabe que a sua morte é iminente.
2 - As velas e o crucifixo
Das três velas na proa do barco, duas foram apagadas pelo vento, indicação de que a dama está quase no fim de sua jornada e de sua vida. O crucifixo à sua frente, símbolo da morte sacrificial é uma sugestão de que a moça vai encontrar o seu caminho até o céu.
3 - Folhas flutuando na água
As folhas aparecem sobre a água para representar não só o outono da vida como a noção vitoriana da "mulher caída", ou seja, a que sucumbiu à tentação sexual.
4 - O bordado
O bordado que a dama tecia em sua torre aparece sobre a lateral do barco. Nos círculos são retratadas cenas que ela viu através do espelho durante sua permanência na torre.
5 - A corrente
A dama segura uma corrente em sua mão direita. Esta corrente mantinha o barco ancorado à ilha, mas também tem um significado metafórico: representa o medo da dama a respeito da maldição que a privou da vida. Ao deixar para trás as correntes e seus temores, a moça está se libertando.
Ficha Técnica: A Dama de Shallot
Autor: John William Waterhouse
Onde ver: Tate Britain, Londres, Reino Unido
Ano: 1888
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 1,53m x 2,00m
Movimento: Pré-Rafaelismo
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