Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino
Agnolo Bronzino (17/11/1503 - 23/11/1572), mais conhecido por Bronzino ou II Bronzino, seu nome era Agnolo Tori, também chamado com os nomes de Ângelo di Cosimo di Mariano. Pintor italiano predominantemente palaciano, um dos maiores representantes do "maneirismo".
Agnolo Bronzino, autor desta obra, era especializado em realizar sofisticadas narrativas alegóricas. Nesta obra, Bronzino fez cuidadosos estudos com modelos vivos e os usou como referência, de modo a criar uma cena de erotismo tranquilo. A cena apresenta uma composição coesa e complexa.
O velho do canto superior direito, com a ampulheta logo a cima, é a personificação do tempo. Já as demais personagens, presentes à direita da tela, representam os prazeres, enquanto aqueles posicionados à esquerda personificam entes como o Esquecimento, o Ciúme e o Desespero.
As imagens entrelaçadas, mas que voltam seus olhares para diferentes pontos, têm por objetivo dar movimento a cena. Esses detalhes, juntamente com as mãos e pés alongados das personagens centrais, são característicos do movimento maneirista.
A obra foi influenciada pela poesia erótica do poeta Petrarca. Isso fica claro na expressão de intimidade entre Vênus e Cupido. No entanto, a relação entre os dois principais personagens, também tem um toque de obscenidade.
A obra foi encomendada como um presente para Francisco I da França, e seu simbolismo - que tem significado preciso desconhecido - teria provocado discussões acaloradas, devido a sua mistura de erotismo estilizado com o que parece ser uma alegoria.
6 detalhes de "Alegoria do triunfo de Vênus" se destacam:
1 - Esquecimento
A imagem do Esquecimento, com uma expressão horrorizada e um rosto mascarado parece tentar desviar a atenção do amor incestuoso de Vênus e seu filho, Cupido. O Esquecimento ainda parece ser impedido pelo poderoso braço da imagem do Tempo, que entende que todos os assuntos dos homens são passageiros.
2 - Beijo incestuoso
O caráter erótico do beijo entre Vênus e Cupido é evidente, já que a língua dela parece estar em movimento. Cupido é identificado por suas asas e flechas e Vênus, por sua maçã. Desta maneira, os espectadores não podem ignorar a verdade da pintura.
3 - Quimera
Agachada atrás do menino feliz encontra-se a personagem alegórica Quimera, uma criatura cujo corpo grotesco destoa do rosto encantador. Com uma das mãos, Quimera oferece a Vênus um bolo de mel, enquanto sua outra mão esconde o ferrão em sua cauda. A presença da personagem é um lembrete de que o amor erótico pode causar dor.
4 - Menino travesso
O menino aparece segurando pétalas de rosas em suas mãos enquanto pisa num espinho, o que reforça o caráter ambivalente do amor. O garoto costuma ser representado como o Prazer, mas também é reconhecido como o Louco ou Zombeteiro.
5 - Máscaras
Outro lembrete da dor causada pelo amor erótico pode ser identificado nas máscaras que se voltam para Vênus, que podem ser acompanhadas pelo espectador seguindo a linha de visão por todo o braço esquerdo da Deusa.
6 - Mulher uivando
A personagem enlouquecida retratada atrás do Cupido é um dos poucos elementos a estragar a atmosfera leve e divertida da pintura. A mulher curva a cabeça e toca o cabelo com as mãos que parecem garra, com todos os tendões à mostra. A imagem é a personificação do Desespero ou do Ciúme e, às vezes, pode ser relacionada com a loucura causada pela sífilis.
Ficha Técnica: Alegoria do triunfo de Vênus
Autor: Agnolo Bronzino
Onde ver: National Gallery, Londres, Reino Unido
Ano: 1540 - 1550
Técnica: Óleo sobre madeira
Tamanho: 1,46m x 1,17m
Movimento: Maneirismo
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