segunda-feira, 24 de setembro de 2012

365 DIAS DE ARTE

A Morte de Marat, de Jacques-Louis David

David distorce a verdade para destacar a natureza generosa do assassinado e demonizar a assassina.

Jacques-Louis David (30/08/1748 - 29/12/1825) foi um pintor francês, o mais característico representante do neoclassicismo. Controlou durante anos a atividade artística francesa, sendo o pintor oficial da Corte Francesa e de Napoleão Bonaparte.
No quadro acima, a vítima foi um dos principais membros da Convenção Nacional - órgão que governou a França na época do Terror, Revolução Francesa. Sua orientação política extremista fez com que reunisse muitos inimigos, em especial após a queda dos girondinos.
Em 13 de julho, uma jovem chamada Charlotte Corday, uma adversária política de Marat, obteve uma audiência com ele em sua sala de banho. Algo comum, já que ele sofria de uma doença de pelo que o forçava a tomar banhos frequentemente. Por isso, o revolucionário usava seu banheiro como escritório.
Durante a reunião, Corday esfaqueou Marat até a morte. Em seu julgamento, ela declarou: "Eu matei um homem para salvar cem mil vidas". Três dias após, ela foi mandada para a guilhotina.
Jacques-Louis David foi convidado pela Convenção a pintar um memorial a Marat. Ele era uma boa escolha, porque compartilhava dos mesmos ideais revolucionários e tinha um estilo neoclássico rigoroso, adequado à situação.
Depois da Revolução, o quadro se tornou constrangedor para o novo regime e em 1795 foi devolvido a David. Sua reputação só foi ser restaurada com o poeta e crítico de arte Charles Baudelaire que, sobre ela, comentou: "Esta obra contém algo ao mesmo pungente e terno; uma alma alça voo no ar frio do aposento, entre estas paredes frias, em volta desta fria banheira funerária".



4 detalhes de "A Morte de Marat" se destacam:


1 - Face de Marat
Durante a Revolução, Marat foi um do homens mais poderosos da França. Ele foi um jornalista radical, editor da publicação L'Ami du Peuple (O Amigo do Povo). David alterou a aparência do amigo para ajustá-la à de um herói martirizado. Removeu suas marcas de pele e o rejuvenesceu, embora Marat realmente usasse esta espécie de turbante molhado de azeite devido a sua doença.


2 - Faca do crime
A faca de Charlotte está no chão, como se ela estivesse fugido e deixado-a no chão. Segundo alguns relatos, porém, a faca ficou alojada no peito de Marat. Mas David excluiu todo elemento que prejudicasse a imagem de mártir do revolucionário. Ele também "limpou" a imagem, deixando-a com pouco sangue e mudando o fundo ornamentado do banheiro.


3 - Mobília
Para enfatizar que Marat era um "homem do povo", David pintou este caixote velho como uma escrivaninha improvisada. Foi nesta superfície em que o artista assinou sua dedicatória "Ao Marat, David".


4 - Carta na mão
A carta na mão de Marat é uma apresentação de Charlotte: "Basta minha grande infelicidade para dar-me o direito à sua bondade". David distorce a verdade para destacar a natureza generosa do assassinado e demonizar a assassina. Na verdade, Charlotte conseguiu entrar porque afirmou ter informações sobre os reacionários, inimigos monarquistas.




Ficha Técnica: "A Morte de Marat"

Autor: Jacques-Louis David
Onde ver: Musées Royaux des Beaux, Bruxelas, Bélgica
Ano: 1793
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 165cm x 128cm
Movimento: Neoclassicismo

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