domingo, 16 de setembro de 2012

365 DIAS DE ARTE

No Limiar da Liberdade, de René Magritte

Embora sejam surrealistas, essas imagens extravagantes e naturalisticamente pintadas de René Magritte não são produtos de sonhos nem de estados psicológicos autoinduzidos. Na verdade, elas são o resultado da contemplação e do questionamento do artista em relação aos fenômenos da vida diária.

René François Ghislain Magritte (21/11/1898 - 15/08/1967) foi um dos principais artistas surrealistas belgas. René Magritte praticava o surrealismo realista, ou "realismo mágico". Começou imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico. Conheceu Georgette Berger em 1922, com quem se casou.
Pintor de imagens insólitas, às quais deu tratamento rigorosamente realista, utilizou-se de processos ilusionistas, sempre à procura do contraste entre o tratamento realista dos objetos e a atmosfera irreal dos conjuntos.
Suas obras são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos comuns e símbolos recorrentes em sua obra.
Magritte acreditava que o pensamento consciente conduz a uma ideia e é ela que importa para a pintura. Segundo ele, se o conceito essencial de uma pintura for viável, então a sua reprodução pode servir da mesma maneira que a original.
Isso é particularmente no caso de "No Limiar da Liberdade" porque a obra contém vários temas essenciais à carreira do artista. Os espaços vazios, a sensação de calma estagnada, as pinturas dentro de uma pintura e o posicionamento dos objetos fora de seus contextos normais ganham uma importância "super-real" no trabalho do artista. Todos esses temas são desenhos que Magritte tirou de seus trabalhos anteriores a 1929.



4 detalhes de "No Limiar da Liberdade" se destacam:


1 - Torso feminino
Magritte pinta essa silhueta com curvas sugestivas, tons de pele naturais e contrastes típicos do Renascimento. Reduzida a um torso, a mulher permanece anônima. O tema feminino como objeto sexual é recorrente em numerosos trabalhos do século XX.


2 - Painel de mogno
O mogno simulado na parede do fundo é um tema relevante nas pinturas de Magritte entre 1927 a 1930. Ele evoca a importância das texturas de fibra de madeira na obra do colega Max Ernst, também surrealista. Talentoso, o belga não tinha dificuldades no uso dessa técnica.


3 - Arma de artilharia
A sala está vazia, com exceção de um objeto - a pesada peça de artilharia. A arma está voltada para o torso, enfatizando suas associações fálicas. Sua presença sugere que a possibilidade de cruzar o limiar da liberdade pode ser dificultada por um poderoso intruso.


4 - Painel celeste
Os céus de verão de Magritte são sempre uniformes, como Magritte explicou: "Usei azul-claro onde o céu seria representado, mas nunca representei o céu, como outros pintores fazem, só para ter uma desculpa para expor um dos meus azuis prediletos ao lado de um de meus cinzas preferidos".





Ficha Técnica: No Limiar da Liberdade

Autor: René Magritte
Onde ver: Museu Bojiman van Beuningen, Roterdã, Holanda
Ano: 1937
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 2,39m x 1,85m
Movimento: Surrealismo

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