segunda-feira, 5 de novembro de 2012

365 DIAS DE ARTE

A Tempestade, de Giorgione

A obra foi produzida há aproximadamente 500 anos e, ainda nos dias de hoje, continua desafiando aqueles que se propõem a interpretá-la.

Giorgione (1477 - 1510) como é conhecido Giorgio Barbarelli da Castelfranco, foi um pintor do Renascimento na Itália. Por ter morrido com apenas 33 anos, deixou um conjunto de obras pequeno em quantidade, mas de alta qualidade e grande influência em seu tempo.
Ele nunca subordinou sua pintura à arquitetura, um efeito artístico à uma representação sentimental. Foi o primeiro a pintar paisagens com figuras, e o primeiro a pintar figuras sem um propósito devocional, alegórico ou histórico, e o primeiro a usar as cores com a intensidade que ficou típica da escola veneziana. Foi também um dos pioneiros do "sfumato" e do "chiaroscuro", o delicado uso de tons de cor para acentuar a perspectiva e a luz, um dos motivos de sua fama.
Um importante acontecimento na vida de Giorgione foi seu encontro com Leonardo da Vinci, por ocasião de uma visita do mestre toscano a Veneza em 1500. Giorgione foi para a pintura de Veneza o que Leonardo fora para Florença vinte anos antes, influenciando vários contemporâneos, entre eles Tiziano.
A obra acima foi encomendada a Giorgione por Gabriele Vendramin. No ano de 1530 o estudioso de arte veneziano Marcantonio Michiel a viu na casa de Vendramin e a definiu como uma paisagem com uma tempestade, uma cigana e um soldado. Já no acervo da família Vendramin, anos mais tarde, o quadro foi citado como "Mercúrio e Ísis".
Nesse contexto, as personagens apresentadas na cena seriam uma representação da ninfa amamentando seu filho, com o deus Mercúrio ali perto. No entanto a pintura, provavelmente, não teve inspiração literária.
A composição da obra foi feita de modo que o olhar do espectador é levado para longe das personagens, acompanhando o rio para o interior do quadro, até o momento em que se encontra com o céu tempestuoso. Talvez o verdadeiro tema da obra seja a sua atmosfera de tensão.


4 detalhes de "A Tempestade" se destacam:


1 - Tempestade se aproximando
O pintor capturou o momento exato em que o brilho de um relâmpago rasga as nuvens. A pintura passa um ar calmo, quase estático, sugerindo o clima de uma tempestade iminente. A paisagem azul-esverdeada e a luz dourada transmitem ao espectador uma aura de melancolia e perigo.


2 - Simbolismo
A cigana nua é vista como uma alegoria virtual da virtude teológica da caridade, enquanto o soldado aparece representando o valor da guerra ou da força. Juntos, podem subjugar o acaso, representado pela tempestade iminente.


3 - Soldado
A imagem do homem solitário apoiado em sua lança, com o gibão desbotado e o rosto escondido pela sombra acrescenta mistério à pintura. Exames de raio-x mostram que inicialmente a figura era de uma mulher nua. No entanto, ao substituí-la pelo soldado, o pintor adiciona tensão psicológica ao quadro.


4 - Colunas quebradas
As colunas quebradas entre a cigana e o homem são a representação da esperança e dos sonhos arruinado, provavelmente expressando a transição entre o primeiro plano iluminado para a intimidadora imagem de fundo, ambiente no qual se forma uma tempestade ameaçadora. As colunas também podem simbolizar a morte.



Ficha Técnica: A Tempestade

Autor: Giorgione
Onde ver: Galeria da Academia, Veneza, Itália
Ano: 1507
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 82cm x 73cm
Movimento: Renascimento Veneziano

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