domingo, 25 de novembro de 2012

365 DIAS DE ARTE

Três Estudos para uma Crucificação, de Francis Bacon

Três Estudos para uma Crucificação foi pintado em duas semanas, na expectativa de criar um clímax adequado para a retrospectiva do artista na Tate Gallery de Londres, no ano de 1962.

Francis Bacon (28/10/1909 - 28/04/1992) foi um pintor anglo-irlandês de pintura figurativa. Seu trabalho é mais conhecido como audaz, austero e frequentemente grotesco ou imagem de pesadelo.
Este artista irlandês de nascimento, tratou com uma extraordinária complacência alguns temas que continuam a chocar a nossa vida em grupo. As fantasias masoquistas, a pedofilia, o desmembramento de corpos, a violência masculina ligada à tensão homoerótica, as práticas de dissecação forense, a atração pela representação do corpo e, no geral, tudo o que está diretamente ligado à transgressão seja relacionada com a religião, com o sexo ou qualquer tabu, foram as peças com as quais Bacon construiu a sua visão "modernista" do mundo.
Nasceu em Dublin e sofria de asma. Esta debilidade irritava seu pai, um homem rude e violento, que o costumava chicotear para o "fazer homem". Teve uma infância muito difícil, que sempre o influenciou na sua arte. Sua primeira exposição, em 1945, provocou um choque e não foi bem recebida, provocando repulsa do que admiração nas pessoas.
Como homem do seu tempo, Bacon transmitiu a ideia de que o ser humano, ao conquistar e fazer uso da sua própria liberdade, também liberta a besta que existe dentro de si. Pouca diferença faz dos animais irracionais, tanto na vida - ao levar a cabo as funções essenciais da existência - como na solidão da morte; representando o homem como um pedaço de carne.
O que ajudou a selar a fama do artista como pintor figurativo foi a aquisição da obra por um dos mais importantes museus de arte moderna dos Estados Unidos, o Guggenheim.
Bacon admitiu que pintou o quadro em um momento de embriaguez e ressaca e, apesar de ateu convicto, o artista já havia usado o tríptico tradicional dos altares em outras obras. Anteriormente, o pintor também já havia usado o tema "crucificação". O artista via a crucificação como um símbolo instituído da violência e da brutalidade humanas, o que o levou a ressaltar o aspecto violento da situação, como a representação da vítima feito carne de açougue.
A mortalidade humana é destacada na obra tirando a crucificação de sua posição central costumeira. O quadro não apresenta nenhum sentido cristão de esperança ou ressurreição, apenas ansiedade e medo.


4 detalhes de "Três Estudos para uma Crucificação" se destacam:


1 - Homem em pose canhestra
Bacon detestava as interpretações narrativas de suas obras, porém alguns críticos sugeriram que esta figura representa o pai do artista, oficial do exército e treinador de cavalos de corrida, expulsando o filho ao saber de sua homossexualidade. A distorção da figura contribui para a impressão de maldade.


2 - Corpo mutilado
O aspecto visceral é comum aos quadros de Bacon. Nesta obra, a caixa torácica exposta, mutilada, do crucificado que desce da cruz parece uma peça de carne em um açougue. O artista afirmou que se inspirou em cenas de matadouros, o que vale como um lembrete de que os humanos são feitos de carne.


3 - Forma obscura
A presença vouyerística de um observador é sugerida pela silhueta. A imagem tem um caráter enigmático, já que lembra os santos presentes nas representações tradicionais da crucificação, assim como pode sugerir a morte ou a alma que deixa um corpo morto.


4 - Figura central
A imagem sangrenta de um indivíduo bulboso deitado em posição fetal sobre o divã no painel central é a representação da vulnerabilidade humana. A figura parece se retorcer de dor e não está claro se isso é uma consequência física ou existencial. Isso pode se referir, também, às inclinações sadomasoquistas do pintor.




Ficha Técnica: Três Estudos para uma Crucificação

Autor: Francis Bacon
Onde ver: Guggenheim, Nova York, EUA
Ano: 1962
Técnica: Óleo com areia sobre tela
Tamanho: 1,98m x 1,45m (cada painel)
Movimento: Pintura Figurativa Européia.

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