terça-feira, 30 de outubro de 2012

365 DIAS DE ARTE

Olympia, de Édouard Manet

Olympia causou muita controvérsia na França napoleônica.

Édouard Manet (23/01/1832 - 30/04/1883) foi um pintor e artista gráfico francês e uma das figuras mais importantes da arte do século XIX.
Os gostos de Manet não vão para os tons fortes utilizados na nova estética impressionista. Prefere os jogos de luz e sombra, restituindo ao nu a sua crueza e a sua verdade, muito diferente dos nus adocicados da época. O trabalho das texturas é apenas sugerido, as formas, simplificadas. Os temas deixaram de ser impessoais ou alegóricos, passando a traduzir a vida da época.
Manet era criticado não apenas pelos temas, mas também por sua técnica, que escapava às convenções acadêmicas. Frequentemente inspirado pelos mestres clássicos e em particular pelos espanhóis do Século de Ouro, Manet influenciou, entretanto, certos precursores do impressionismo, em virtude da pureza de sua abordagem. A esta liberação das associações literárias tradicionais, cômicas ou moralistas, com a pintura, deve o fato de ser considerado um dos fundadores da arte moderna.
A representação explícita do descanso de uma cortesã francesa era muito diferente de outras imagens que o artista fez para representar o ambiente social. Ainda que a imagem possa ser situada num contexto mais amplo de nus femininos e que a pose lembre a obra Vênus de Urbino, de Ticiano, Olympia causou muito escândalo devido ao seu caráter expressamente não alegórico e da representação de uma mulher sem roupa fora do conceito de nu clássico.
Na arte do século XIX, os nus eram aceitáveis, desde que retratassem ninfas clássicas e figuras divinas. Enquanto nisso, Manet pintava Victorine Meurent, modelo e sua companheira, em um ambiente contemporâneo.
A modelo aparece adornada com uma orquídea rosada no cabelo, joias e calçados que chamam a atenção para a sua nudez artificial e sua condição de cortesã. O chinelo solto é um símbolo da perda da inocência, assim como a orquídea é uma representação tradicional da sexualidade.
Na obra, o pintor promove a ideia realista de que a arte pode retratar a vida cotidiana de uma forma direta. A pintura não tem o estilo idealizado e uniforme dos nus clássicos, assim como a luz implacável acrescenta um toque de brutalidade à cena. A mulher olha para fora da tela de modo confrontador, com uma falta de modéstia perceptível e a empregada negra, totalmente vestida, representa outro ponto controverso na pintura.

4 detalhes de "Olympia" se destacam:


1 - A mulher nua
O nu, alegoria da arte canônica, era considerado o mais elevado exemplo da realização artística. No entanto, este não foi o caso de Olympia, tida como mera representação de uma mulher sem roupas. Seus adornos a definem como uma cortesã e foi por isso que lhe foi atribuída uma posição inferior à das outras figuras nuas que aparecem em quadros da época romântica.


2 - A empregada de Olympia
A empregada negra chama-se Laura e é usada como modelo profissional na pintura. Em pé, totalmente vestida, Laura segura um buquê de flores, provavelmente enviado por um cliente para a sua patroa. Olympia parece indiferente à presença da empregada. Essa distância emocional é reforçada pela separação física das figuras.


3 - Gato preto
O gato preto, símbolo da superstição, indica a condição de tabu da cena representada. Posicionado ao lado da empregada negra, o gato chama a atenção para os esteriótipos da feminilidade e sexualidade negra que circulavam na época em que o quadro foi exibido.


4 - Buquê de flores
Símbolo clássico da sexualidade feminina, o buquê chama a atenção para a carga erótica da cena. O motivo floral aparece novamente na colcha sobre o divã da modelo, realçando ainda mais a sua condição de cortesã comum.




Ficha Técnica: "Olympia"

Autor: Édouard Manet
Onde ver: Museu d'Orsay, Paris, França.
Ano: 1863
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 1,30m x 1,90m
Movimento: Realismo

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