sexta-feira, 26 de julho de 2013

365 DIAS DE ARTE

Monte Sainte-Victoire, de Paul Cézanne

A perspectiva da obra foi distorcida por Cézanne, com o objetivo de atingir a relação perfeita entre os diversos elementos.

Paul Cézanne (19/01/1839 - 22/10/1906) foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu bases para a transição das concepções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. O artista pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX.
No início dedicava-se aos temas dramáticos e grandiloquentes próprios da escola romântica, depois criou um estilo próprio, sofrendo influência de Delacroix. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram essenciais para suas composições únicas.
O artista não se subordinava às leis das perspectiva, sempre modificando-as. Sua concepção da composição era arquitetônica, segundo suas próprias palavras e o seu estilo consistia em ver a natureza segundo suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone. Cézanne preocupava-se mais com a captação destas formas do que com a representação do ambiente atmosférico. Não é difícil ver nesta atitude uma reação de caráter intelectual contra o gozo puramente colorido do impressionismo.
Cézanne cultivava sobretudo a paisagem e a representação de naturezas mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar as suas paisagens, estudava-as e analisava seus valores plásticos, reduzindo-as depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas paralelas. Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinavam-se à unidade de composição. Suas paisagens são sutilmente geométricas. Suas naturezas mortas, tipicamente compostas por maçãs, levava a cabo uma exploração formal exaustiva que é a terra fecunda de onde surgirá o cubismo poucos anos mais tarde.
A obra de hoje faz parte de uma série com mais de 60 obras do mesmo lugar, o monte Sainte-Victoire, em Provença, onde o pintor cresceu. Em suas obras, a montanha era vista sob os mais distintos pontos de observação e o contorno peculiar do maciço rochoso contrastava com a vegetação verdejante e os tons de terra dos arredores.
A perspectiva da obra foi distorcida por Cézanne, com o objetivo de atingir a relação perfeita entre os diversos elementos. A posição central do topo da montanha garante uma composição harmoniosa e equilibrada.
Poucos elementos se destacam na obra, mas a casa, à esquerda, encontra equilíbrio na árvore abaixo do pico. O impacto da obra fica por conta da utilização cuidadosa de cores e formas, que parecem mudar de aspecto em várias partes da tela.



2 detalhes de "Monte Sainte-Victoire" se destacam:


1 - Harmonia de cores
A variação harmoniosa entre verdes e azuis dá unidade à composição, estendendo-se do céu até a montanha e de lá para toda a paisagem.


2 - Ângulos das pinceladas
Os ângulos das pinceladas variam procurando acrescentar textura e forma aos detalhes. Com uma sutil mistura de cores os objetos transmitem uma sensação de tridimensionalidade, além de acrescentarem profundidade à cena.




Ficha Técnica: Monte Sainte-Victoire


Autor: Paul Cézanne
Onde ver: Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia
Ano: 1896 - 1898
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 78,5cm x 98,5cm
Movimento: Impressionismo

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