O Nascimento de Vênus, de William Bouguereau
O Nascimento de Vênus se baseia em várias obras icônicas anteriores. |
William-Adolphe Bouguereau (30/11/1825 - 19/08/1905) foi um professor e pintor acadêmico francês. Com um talento manifesto desde a infância, recebeu treinamento artístico em uma das mais prestigiadas escolas de arte do seu tempo, a Escola de Belas Artes de Paris, onde veio a ser mais tarde professor muito requisitado. Sua pintura se caracteriza pelo perfeito domínio da forma e da técnica, com um acabamento de alta qualidade, obtendo efeitos de grande realismo. Em termos de estilo fez parte da corrente eclética que dominou a segunda metade do século XIX, mesclando elementos do neoclassicismo e do romantismo em uma abordagem naturalista com boa dose de idealismo. Deixou obra vasta, centrada nos temas mitológicos, alegóricos e religiosos; nos retratos, nos nus e nas imagens de jovens camponesas.
A pintura de hoje é uma representação clássica do nascimento da deusa romana do amor e da beleza. Seu autor, arquétipo da pintura acadêmica francesa, presta com a obra uma homenagem à Vênus de Sandro Botticelli, ao Triunfo de Galateia de Rafael e à Vênus Anadiômene, de Jean-Auguste-Dominique Ingres.
A deusa, com sua pela de porcelana e os cabelos esvoaçantes, emerge de uma concha, rodeada de tritões admirados, ninfas marinhas e querubins. Vênus, no entanto, foi apenas um pretexto para criar um nu voluptuoso e idealizado.
A pintura apresenta uma grande intensidade de cor, um acabamento refinado e precisão na execução, o que garantem ao quadro certa perfeição física. Por conta de sua técnica também refinada, Bouguereau foi admirado pelos tradicionalistas e fortemente criticado pelos vanguardistas.
5 detalhes de "O Nascimento de Vênus" se destacam:
1 - As pernas de Vênus
A pose de Vênus é assimétrica. O pintor fez isso conscientemente para seguir a obra de Botticelli. No entanto, ao contrário da deusa de Botticelli, a Vênus de Bouguereau não assume uma pose pudica, com as mãos escondendo a região púbica e os seios. Nesta obra, Vênus aparece em uma pose erótica, que deixa claro o prazer do artista em revelar o corpo modelado de uma bela mulher.
2 - O rosto e os braços de Vênus
A deusa no quadro aparece se espreguiçando sem vergonha nenhuma de sua nudez. O olhar baixo representa a modéstia da deusa pela sua beleza. A pose de Vênus, com os braços erguidos, é uma referência à Vênus de Ingres.
3 - Os querubins no céu
Os querubins que encaram a deusa com admiração, por sua vez, lembram aos observadores as duas Madonas Sistinas de Rafael. Como na maior parte da obra, o fundo é apenas esboçado, para realçar a proeminência do objeto principal.
4 - As ninfas e Zéfiro
Na mitologia romana, os zéfiros que levam a concha de Vênus até Pafos - ilha de Chipre, representam as paixões espirituais. O artista pintou essas criaturas e as ninfas entrelaçados de modo naturalista (seres míticos em poses terrenas verossímeis) com o objetivo de homenagear, novamente, a Vênus de Botticelli.
5 - Os querubins com o golfinho
Dois querubins são retratados em cima de um golfinho, símbolo tradicional de proteção. Esse recurso era bastante utilizado pelos pintores acadêmicos franceses, para retratar o respeito pela arte renascentista italiana.
Ficha Técnica: O Nascimento de Vênus
Autor: William Bouguereau
Onde ver: Museu d'Orsay, Paris, França
Ano: 1879
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 3m x 2,15m
Movimento: Arte Acadêmica Francesa
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