quarta-feira, 6 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

Dia de Lentidão, de Yves Tanguy

O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar.

Raymond Georges Yves Tanguy (05/01/1900 - 15/01/1955), foi um pintor surrealista que desenvolveu seu próprio estilo de pintura. Suas pinturas são reconhecidas rapidamente por seu surrealismo abstrato. Mostram vastas paisagens abstratas, a maioria com uma paleta de cores muito limitada, mostrando flashes apenas de cor contrastante. Normalmente estas paisagens são povoadas por várias formas abstratas, às vezes, angular e afiado como cacos de vidro e às vezes com enormes amebas gigantes petrificadas. Tanguy morre em 1955 vítima de um derrame.
A obra apresentada hoje chama-se, em francês, Jour de lenteur, título que passa a sensação de tédio, até mesmo desesperança, exacerbada pela imobilidade da composição. Assemblages perturbadoramente passivas povoam a pintura, como se de repente tivessem sido detidas no meio do caminho.
A ameaça de um conflito armado na década de 1930, aliada às previsões de uma guerra tecnológica tornam a imagem com um tom apocalíptico.
O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar. É impossível distinguir o horizonte e à distância tem-se a impressão de dunas ondulantes e céu enevoado. Essa falta de definição tira a cena da realidade e cria um clima de pressentimentos. Dispostos em seis grupos distintos, diversos objetos estranhos ocupam o primeiro e o médio planos, transpirando uma estranha semelhança biomórfica. Em primeiro plano se vê uma enigmática forma animal, que pode ser um cavalo encouraçado ou um pequeno cão, símbolo da burguesia parisiense.
Os objetos cuidadosamente posicionados conduzem o olhar do espectador pela pintura, convidando-o a imaginar seu simbolismo e sua história.



3 detalhes de "Dia de Lentidão" se destacam:


1 - Criatura quadrúpede
A criatura quadrúpede no primeiro plano da obra costuma ser descrita como um cavaleiro medieval montado em seu cavalo, outra metáfora bélica atribuída à pintura.


2 - Sombras
Diversas sombras dão solidez as estruturas na obra, mas um olhar atento revela que essas sombras são tão duvidosas quanto os objetos dos quais se projetam.


3 - Formas transparentes
Misteriosas formas transparentes se espalham em diversos lugares da pintura. O artista acrescentava por último, fazendo uso de um pincel fino de tinta branca.



Ficha Técnica: Dia de Lentidão


Autor: Yves Tanguy
Onde ver: Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris, França
Ano: 1937
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 92cm x 73cm
Movimento: Surrealismo

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