quinta-feira, 28 de março de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Georgina, de Anita Malfatti
A obra apresentada hoje trata-se de um retrato da irmã de Anita, Georgina Malfatti, no qual ela aparece apoiada em uma cesta de flores. |
Anita Malfatti (02/12/1889 - 06/11/1964) foi uma importante e famosa artista plástica (pintora e desenhista) brasileira. Filha de um italiano e de uma norte-americana de origem alemã, teve seus primeiros contatos com a pintura desde pequena na Alemanha e nos Estados Unidos (Independent School of Art) e em 1910, numa passagem pela Alemanha entrou em contato com o Expressionismo, que a influenciou muito. Já nos Estados Unidos teve contato com o Movimento Modernista.
Em 1917 realizou uma exposição artística muito polêmica, por ser inovadora e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que retratavam principalmente as personagens marginalizadas dos centros urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras.
Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade, participou da Semana de Arte Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Anita Malfatti, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.
Entre 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo em 1929 e passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até 1933. Em 1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Entre 1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências de sua casa.
A obra de hoje é um retrato da irmã de Anita, Georgina Malfatti e embora a obra possua traços delicados, a quantidade de cores utilizada na composição é grande, o que acabou gerando desconforto por parte da sociedade, que esperava de Anita a famosa arte acadêmica.
A artista já havia passado por rejeição quando pintou um retrato de seu irmão, Alexandre. A família da pintora estranhou o colorido, as bruscas pinceladas e a maneira como Anita compôs a tela.
Nessa época Anita, com 24 anos, preocupava-se em entender o que dá a uma pintura o status de "obra de arte" e nem imaginava que ela mesma estava introduzindo uma nova forma de arte no país.
Ficha Técnica: Georgina
Autor: Anita Malfatti
Onde ver: Coleção Georgina Malfatti
Ano: 1914
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 97,8cm x 73,2cm
Movimento: Modernismo
domingo, 24 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
O Beijo de Judas, de Giotto di Bondone
Giotto di Bondone é conhecido como fundador da pintura ocidental moderna, graças à sua contribuição para o "ressurgimento artístico" que marcou o início da arte renascentista. |
Giotto di Bondone, conhecido simplesmente por Giotto (1266 - 1337) foi um pintor e arquiteto italiano. Nasceu perto de Florença, conhecido na história da arte pela introdução da perspectiva na pintura durante o Renascimento.
Devido ao alto grau de inovação de seu trabalho (devido ser o introdutor da perspectiva), Giotto é considerado o precursor da pintura renascentista. Considerado o elo entre o renascimento e a pintura medieval e a bizantina.
A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência comum. Esses santos com ar humanizado eram os mais importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até o Renascimento.
A obra de hoje faz parte da Capela Arena, situada em Pádua, na Itália. Os afrescos foram encomendados por Enrico Scrovegni e a capela foi construída, originalmente, como local de culto à família Scrovegni e memorial a Enrico. Dedicada à Virgem da Caridade, o tema geral era a salvação.
O Beijo de Judas ocupa uma posição de destaque na parede sul da capela e representa um ponto crucial da narrativa, já que inicia as cenas de sofrimento de Cristo, que terminam apenas com a crucificação. As figuras centrais, Cristo e Judas, ficam abraçadas no epicentro dos eventos que os cercam, exatamente no instante que antecede a consumação do beijo.
Judas parece hesitar e o olhar de Cristo evidencia que ele conhece o seu destino. A representação da humanidade de Cristo, bem como de seu relacionamento com Deus e com os homens é um tema característico do ponto de vista renascentista e que fica claro nesta obra.
3 detalhes de "O Beijo de Judas" se destacam:
1 - Traição
Giotto captura a pungência da traição por meio da troca de olhares entre as duas figuras principais, quando Judas percebe que Cristo sabe e, mais que isso, o perdoa.
2 - Corpos unidos
A importância do momento é enfatizada pelo fato de que os corpos das figuras centrais estão unidos por um abraço; só o beijo ainda não consumado separa os dois corpos.
3 - Manto de Judas
O amarelo-claro do manto de Judas tem por função chamar a atenção do observador para as duas figuras principais e fixá-las no centro do campo de visão. O tom do manto tem continuidade no dourado do halo de Cristo, dando a impressão de que este está sendo envolvido.
Ficha Técnica: O Beijo de Judas
Autor: Giotto di Bondone
Onde ver: Capela Arena, Pádua, Itália
Ano: 1304 - 1313
Técnica: Afresco
Tamanho: 183cm x 198cm
Movimento: Renascimento
sábado, 23 de março de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
O Lago das Ninfeias, de Claude Monet
Essa obra faz parte de uma série de quadros na qual Monet se propôs a captar o mesmo tema várias vezes, em diferentes momentos do dia e sob diferentes condições de luz. |
Oscar-Claude Monet (14/11/1840 - 05/12/1926) foi um pintor francês e o mais célebre entre os pintores impressionistas. O começo de sua carreira foi marcado por dificuldades financeiras. Porém, na década de 1870, começou a obter sucesso. Suas obras de arte seguiam, como temática principal, as paisagens da natureza. Trabalhava de forma harmônica as cores e luzes, criando imagens belas e fortes. Vale destacar também que utilizou temas aquáticos e um dos mais destacados estão no Museu L'orangerie. Deixou um legado artístico reconhecido até os dias atuais e alguns críticos de arte consideram Monet como um dos mais importantes pintores de todos os tempos.
A imagem calma de hoje harmoniza tons, cores e texturas em um retrato de um jardim aquático cheio de reflexos. Monet considerava o extenso jardim sua obra de arte mais bela e ocupou-se dele durante grande parte de sua vida, especialmente nos últimos anos, quando "O Lago das Ninfeias" foi feito.
O pintor buscava registrar e transmitir as impressões e sensações que experimentava ao pintar ao ar livre e ao longo de sua vida foi fascinado por efeitos de luz e da atmosfera. Na pintura, pinceladas curtas e rápidas formam a superfície da água salpicada de flores, criando um efeito harmônico.
A pintura sintetiza os ideais impressionistas sustentados pelo pintor, transmitindo uma profunda sensibilidade em relação à natureza. Nos últimos anos o lago tornou-se tema dominante do artista.
4 detalhes de "O Lago das Ninfeias" se destacam:
1 - Manchas de luz
Monet usava pequenas pinceladas de tinta espessa em tons de amarelo e verde claro para dar a impressão de luz do sol atravessando as árvores. Com a tinta seca ele aplicava tinta azul e verde escuros. Os tons escuros dão volume às árvores e as pinceladas lembram tufos de folhas, enquanto as camadas de verde e amarelo destacam pontos luminosos.
2 - A ponte
A curva suave da ponte corta o quadro. O lilás suave se harmoniza com o lago embaixo e com a folhagem ao redor. Mas a ponte, na verdade, é de um verde muito vivo e se cobre de glicínias brancas no início do verão. A estrutura simples e decorativa lembra as pontes orientais.
3 - O lago
O tratamento que Monet dá aos desenhos da luz do sol na superfície do lago produz um efeito quase abstrato. Os reflexos das árvores podem ser vistos nas áreas vazias do lago, representados com pinceladas verticais de cores claras.
4 - Ninfeias
Monet captou a delicadeza das flores com pinceladas curtas de tinta branca espessa, salpicos de rosa e toques de vermelho profundo. Nessa pintura as flores parecem se fundir em um padrão colorido, com grande qualidade decorativa.
Ficha Técnica: O Lago das Ninfeias
Autor: Claude Monet
Onde ver: Musée D'Orsay, Paris, França
Ano: 1899
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 89,5cm x 92,5cm
Movimento: Impressionismo
segunda-feira, 18 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Almoço dos Remadores, de Pierre-Auguste Renoir
O quadro apresenta uma composição complexa, pois cada elemento é cuidadosamente posicionado. |
Pierre Auguste Renoir (25/02/1841 - 03/12/1919) foi um importante artista plástico francês. Fez parte do Impressionismo e destacou-se por suas lindas pinturas.
A tela de hoje apresenta um animado grupo que almoça no terraço do "Restaurant Fournaise", em Chateau, próximo aos balneários de La Grenouillère, Bougival e Argenteuil, às margens do Sena, a oeste de Paris. A tela pode ser comparada a uma já postada em nosso blog, o "Baile no Moulin de la Galette".
Esta tela apresenta uma composição complexa, pois cada elemento é cuidadosamente posicionado. O artista captou de forma eficiente o ambiente descontraído de uma cena de lazer, priorizando uma atmosfera geral em vez de aspectos mais íntimos do encontro.
Embora a cena aparente ser bastante informal, a composição foi pensada com muito cuidado. Em toda a tela são vistas cabeças em ângulos diversos, com barcos no Sena e a ponte ferroviária de Chateau ao fundo. Todas essas informações se harmonizam com as linhas da balaustrada e do toldo, que se estendem até as personagens mais afastadas e árvores mais distantes.
A mesa ocupa uma posição central na cena, mas o estilo esboçado faz com que o olhar do observador passe para elementos apresentados com mais precisão. A presença da vegetação suave ao fundo tem a função de reforçar o clima de descontração.
2 detalhes de "Almoço dos Remadores" se destacam:
1 - Cores vibrantes
Os tons de rosa e vermelho no chapéu de uma das mulheres são compostos de uma rica variedade de cores e tons, que se misturam parcialmente com o objetivo de obter um efeito vibrante.
2 - Profundidade
O pintor inclui algumas linhas finas e manchas de vermelho vivo na gola branca com babados, na boca da modelo e em seu cabelo ruivo gerando profundidade e volume. Os detalhes foram combinados com as marcas na gola e com a superfície lisa da pele.
Ficha Técnica: Almoço dos Remadores
Autor: Pierre Auguste Renoir
Onde ver: Phillips Collection, Washington D.C., Estados Unidos
Ano: 1880 - 1881
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 130cm x 175cm
Movimento: Impressionismo
sexta-feira, 15 de março de 2013
GEO... GRAFANDO!
Hoje iremos conhecer o Distrito Federal!!!! Vamos lá????
Mapa:
Distrito Federal
Bandeira:
Brasão:
Capital: Brasília
Área Total: 5.801,937 Km2
Sigla: DF
Região: Centro-Oeste
População: 2.333.108 hab (2005)
No Distrito Federal localiza-se a capital do país, Brasília, fundada em 21 de abril de 1960. Até a criação de Brasília, a Capital Federal era a cidade do Rio de Janeiro.
O Distrito Federal é o menor território autônomo do Brasil e, por limitação constitucional, não pode ser dividido em municípios. É formado pela capital Brasília e por diversas regiões administrativas (RAs), como por exemplo Gama, Ceilândia, Sobradinho, Guará, etc. O Estado não apresenta qualquer tipo de subordinação em relação ao seu vizinho, Goiás.
Apesar do Distrito Federal não possuir capital, temos a cidade de Brasília (Capital Federal da República Federativa do Brasil) como sede de seu governo.
quinta-feira, 14 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Impressão, Sol Nascente de Claude Monet
A pintura foi exibida pela primeira vez na exposição conjunta de diversos artistas impressionistas, em um estúdio fotográfico em Paris, na França. |
Oscar-Claude Monet (14/11/1840 - 05/12/1926) foi um pintor francês e o mais célebre entre os pintores impressionistas. O termo "impressionismo" surgiu devido às primeiras pinturas de Monet, a expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, porém o pintor e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando na pintura.
A obra de hoje demonstra a inovação de estilo do pintor ao capturar o momento em que o sol atravessa o nevoeiro na baía de Le Havre, na Normandia. A imagem proporciona ao observador a sensação de quase sentir a umidade do ar e o calor crescente do sol, que se ergue no horizonte. Pela captação da impressão efêmera da cena, a tela foi considerada revolucionária para a época.
A composição foi perfeitamente organizada por Monet, com a linha de barcos e o porto chamando a atenção para a esquerda, enquanto o sol e seu reflexo atraem o olhar do espectador, de maneira a garantir o equilíbrio. Um olhar mais atento pode revelar como a mudança da luz sobre as águas consegue criar uma ideia de perspectiva.
3 detalhes de "Impressão, Sol Nascente" se destacam:
1 - Profundidade da água
Para oferecer a sensação de profundidade da água, Monet usava cores como azul e violeta traçadas sobre o rosa e o laranja que tinham como objetivo representar o reflexo do sol.
2 - Reflexo da luz no rio
Monet usava uma técnica conhecida como empaste com o objetivo de criar espessas pinceladas de laranja, sem misturar o branco no pincel, que recriassem o reflexo da luz no rio. Alguns traços de azul e cinza, verde e laranja-claro ainda representavam a variação e o movimento da água.
3 - Ondas quebrando no porto
Em contraste com o reflexo da luz, manchas de branco e creme foram incluídas na obra com a intenção de indicar algumas ondas quebrando nas águas lentas do porto.
Ficha Técnica: Impressão, Sol Nascente
Autor: Claude Monet
Onde ver: Museu Marmottan, Paris, França
Ano: 1872
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 48cm x 63cm
Movimento: Impressionismo
segunda-feira, 11 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Arranjo em Cinza e Preto nº 1, de James McNeill
Whistler
A obra também é conhecida como "Mãe de Whistler" e tornou-se popular como uma imagem arquetípica de uma matriarca sóbria, mas sincera. |
James Abbott McNeill Whistler (14/07/1834 - 17/07/1903) foi um pintor norte-americano estabelecido na Inglaterra e na França. Considerado uma das figuras mais teatrais do século XIX. Criou um estilo ousado e original de pintura, privilegiando a harmonia da composição em detrimento do tema. Seus quadros pareciam inacabados e foi somente no fim de sua vida que sua arte foi reconhecida.
Na obra de hoje, séria e pensativa, a mulher idosa está sentada numa pose rígida e formal, com as mãos segurando um lenço de renda branca. Seu cabelo grisalho e liso, assim como suas roupas escuras, são simples e puritanas.
A imagem passa uma forte impressão de austeridade, enfatizada pelo esquema de cores opacas e pelas horizontais e verticais fortes de elementos como as molduras, a cortina longa e o rodapé. Mas apesar de toda a severidade da pintura, há nela uma sensação de humanidade frágil, mas digna.
O retrato da mãe de Whistler foi exposto pela primeira vez na Academia Real, em Londres, no ano de 1872. Inicialmente sofreu rejeição, mas acabou sendo apreciado por influência de William Boxall, diretor da National Gallery e amigo do pintor.
4 detalhes de "Arranjo em Cinza e Preto nº 1" se destacam:
1 - Perfil
O artista retratou a mãe em perfil total. A pose foi muito usada por artistas do renascimento e se manteve popular em diversos tipos de arte. Ela define o tom de rigor formal da imagem.
2 - Cadeira
É o único objeto na pintura que se desvia ligeiramente da rigidez angular. Embora Whistler preferisse pintar pessoas em pé, uma doença e a idade tornavam a posição incômoda para a modelo, que adotou a pose sentada.
3 - Mãos e lenço
Além da cabeça, a parte mais detalhada da pintura é a área que mostra as mãos da senhora segurando o lenço. O acessório era usado para que as mãos da modelo parecessem naturalmente ocupadas.
4 - Banquinho para os pés
O banquinho fornece à imagem um tom doméstico, que suaviza um pouco a gravidade geral da composição. Raios X da pintura mostram que originalmente o apoio para os pés era mais alto.
Ficha Técnica: Arranjo em Cinza e Preto nº 1
Autor: James McNeill Whistler
Onde ver: Musée D'Orsay, Paris, França
Ano: 1871
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 144,3cm x 162,5cm
Movimento: Tonalismo
sexta-feira, 8 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Sem Esperança, de Frida Kahlo
A artista é conhecida pela intensa produção de autorretratos que, muitas vezes, tinham significados profundos e pessoais sobre seus sofrimentos físicos e emocionais. |
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón (06/07/1907 - 13/07/1954) foi uma pintora mexicana e sua vida já citada em postagens anteriores, foi marcada por grandes sofrimentos físicos e emocionais.
A obra "Sem Esperança" mostra Frida presa à uma cama, em uma paisagem absolutamente rude e estéril, com uma terrível cornucópia de carne e peixes variados em um cone carnoso suspenso acima da boca da artista representada no quadro. Embora seja pequena, a pintura é considerada uma das mais perturbadoras e poderosas pinturas de Frida.
Na época em que pintou a obra, a falta de apetite da pintora a levou a tamanha perda de peso que ela precisava ser alimentada através de um funil. Na pintura o funil ganhou novas dimensões - tão grande que precisa ser apoiado em uma estrutura de madeira - e não está cheio de comida triturada, mas sim de pilhas de carne crua.
No verso do quadro, Frida colocou uma inscrição que dá nome ao quadro: "Não resta nem a menor esperança em mim ... Tudo se move em sintonia com o que o estômago contém".
5 detalhes de "Sem Esperança" se destacam:
1 - Expressão de dor
Frida lança ao espectador um olhar suplicante, ao mesmo tempo em que lágrimas escorrem de seu rosto. Apenas a cabeça e os ombros estão para fora dos lençóis, o que ajuda a passar a sensação de constrição. Nesse período Frida era, realmente, forçada a passar grande parte de seu tempo na cama, com um colete ortopédico. A artista sofreu mais de 30 operações ao longo da vida.
2 - Festa dos mortos
O enorme funil usado para alimentar a pintora transborda com uma mistura nauseante de carne, peixes e aves. A ideia do funil como um instrumento de tortura (como ele aparece representado na pintura) provavelmente foi tirada de um livro sobre a Inquisição Espanhola. No topo do monte de comida crua encontra-se uma caveira mexicana de açúcar com o nome da artista. Essas caveiras eram comuns no dia dos mortos e seu papel na pintura é fazer uma alusão à morte, enquanto o açúcar com que ela é feita representa a doçura da vida.
3 - Fundo estéril
O cenário da paisagem representada no quadro é um deserto ressequido e tem sido interpretado como uma referência à esterilidade da artista. Os ferimentos que teve aos 18 anos, num acidente de bonde, a impossibilitaram de ter filhos.
4 - Lua
Nas laterais do quadro encontram-se imagens da lua e do sol. Uma das interpretações para a presença desses símbolos é a dor implacável da pintora, que persistia dia e noite. Em outra visão, a lua simboliza a própria Frida.
5 - Sol
Nessa obra o sol pode ser uma alusão específica a seu marido, Diego Rivera. Outras interpretações dão conta de que o sol trata-se de uma referência aos cravos-de-defunto laranja, comuns nas festas mexicanas do Dia dos Mortos.
Ficha Técnica: Sem Esperança
Autor: Frida Kahlo
Onde ver: Museu Dolores Olmedo Patiño, Cidade do México, México
Ano: 1945
Técnica: Óleo sobre tela montada sobre HDF (painel de fibras de alta densidade)
Tamanho: 28cm x 36cm
Movimento: Simbolismo
quarta-feira, 6 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Dia de Lentidão, de Yves Tanguy
O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar. |
Raymond Georges Yves Tanguy (05/01/1900 - 15/01/1955), foi um pintor surrealista que desenvolveu seu próprio estilo de pintura. Suas pinturas são reconhecidas rapidamente por seu surrealismo abstrato. Mostram vastas paisagens abstratas, a maioria com uma paleta de cores muito limitada, mostrando flashes apenas de cor contrastante. Normalmente estas paisagens são povoadas por várias formas abstratas, às vezes, angular e afiado como cacos de vidro e às vezes com enormes amebas gigantes petrificadas. Tanguy morre em 1955 vítima de um derrame.
A obra apresentada hoje chama-se, em francês, Jour de lenteur, título que passa a sensação de tédio, até mesmo desesperança, exacerbada pela imobilidade da composição. Assemblages perturbadoramente passivas povoam a pintura, como se de repente tivessem sido detidas no meio do caminho.
A ameaça de um conflito armado na década de 1930, aliada às previsões de uma guerra tecnológica tornam a imagem com um tom apocalíptico.
O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar. É impossível distinguir o horizonte e à distância tem-se a impressão de dunas ondulantes e céu enevoado. Essa falta de definição tira a cena da realidade e cria um clima de pressentimentos. Dispostos em seis grupos distintos, diversos objetos estranhos ocupam o primeiro e o médio planos, transpirando uma estranha semelhança biomórfica. Em primeiro plano se vê uma enigmática forma animal, que pode ser um cavalo encouraçado ou um pequeno cão, símbolo da burguesia parisiense.
Os objetos cuidadosamente posicionados conduzem o olhar do espectador pela pintura, convidando-o a imaginar seu simbolismo e sua história.
3 detalhes de "Dia de Lentidão" se destacam:
1 - Criatura quadrúpede
A criatura quadrúpede no primeiro plano da obra costuma ser descrita como um cavaleiro medieval montado em seu cavalo, outra metáfora bélica atribuída à pintura.
2 - Sombras
Diversas sombras dão solidez as estruturas na obra, mas um olhar atento revela que essas sombras são tão duvidosas quanto os objetos dos quais se projetam.
3 - Formas transparentes
Misteriosas formas transparentes se espalham em diversos lugares da pintura. O artista acrescentava por último, fazendo uso de um pincel fino de tinta branca.
Ficha Técnica: Dia de Lentidão
Autor: Yves Tanguy
Onde ver: Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris, França
Ano: 1937
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 92cm x 73cm
Movimento: Surrealismo
segunda-feira, 4 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Cena de Rua em Berlim, de Ernst Ludwig Kirchner
As formas angulosas, as cores ácidas e os rostos tensos como máscaras dão à pintura uma intensidade de pesadelo. |
Ernst Ludwig Kirchner (1880 - 1938) foi um pintor expressionista alemão. Foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista "Die Brücke". Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade.
As formas angulosas, as cores ácidas e os rostos tensos como máscaras dão à pintura uma intensidade de pesadelo. A obra faz parte de uma série de cenas de rua de Berlim, pintadas entre os anos de 1913 e 1915, depois da mudança de Kirchner de Dresden para a cidade.
Berlim era considerada uma das maiores e mais vibrantes capitais da Europa na época e, embora o artista se sentisse sozinho na cidade, se inebriou do que nomeou de "sinfonia da cidade grande". Entre as suas atrações estava a decadente vida noturna, com as roupas e a atitude desembaraçada das duas mulheres apresentadas no centro do quadro, que não deixa dúvidas de que elas eram prostitutas.
A imagem apresenta, também, uma atmosfera claustrofóbica, criada em parte pela impressão de que a rua sobe em direção ao observador e as figuras parecem opressivamente perto.
A cena é vista como que pelos olhos de um passante solitário - fisicamente perto de outras pessoas, mas emocionalmente distante. O pintor capta na obra as emoções vertiginosas e o materialismo vulgar da capital às vésperas da guerra.
3 detalhes de "Cena de Rua em Berlim" se destacam:
1 - Duas mulheres
Na época em que a pintura foi feita, casacos de gola de pele e extravagantes chapéus com pena eram parte do vestuário típico das prostitutas em Berlim, assim como os rostos mal maquiados. Kirchner usou como modelo duas irmãs, dançarinas de uma boate, que conheceu logo que se mudou para Berlim.
2 - Homem fumando
O homem que vira a cabeça para longe das mulheres - talvez com embaraço - é interpretado como um autorretrato do pintor.
3 - Ônibus verde
No fundo do quadro há um ônibus puxado por cavalos. É o número 15, que passava perto do distrito da luz vermelha de Berlim. Na época já existiam ônibus motorizados em Berlim, mas os cavalos ainda eram a principal forma de transporte, mesmo nas grandes cidades.
Ficha Técnica: Cena de Rua em Berlim
Autor: Ernst Ludwig Kirchner
Onde ver: Neue Galerie, Nova York, Estados Unidos
Ano: 1913
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 121cm x 95cm
Movimento: Expressionismo Alemão
sábado, 2 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
Ritmo de Outono, de Jackson Pollock
A obra é resultado de uma "action painting", ou seja, resultado do envolvimento físico do artista com a tela, numa batalha emocional. |
Paul Jackson Pollock (28/01/1912 - 11/08/1956) foi um pintor norte-americano e referência no movimento do expressionismo abstrato.
O artista tinha o hábito de colocar as obras no chão de seu ateliê e salpicá-las com tinta usando a ponta do pincel, varetas ou ainda jogá-las diretamente da lata. O trabalho era espontâneo, mas altamente controlado.
Essa é uma das pinturas mais conhecidas do artista e puxa o observador para dentro de suas teias complexas, assim como a sua energia inquieta e suas dimensões enormes. Obras dinâmicas como essa deram a Pollock a fama de revolucionar como a pintura era feita.
Em "Ritmo de Outono" o artista parece ter se limitado a quatro cores terrosas e harmoniosas, que sugerem os tons da paisagem de outono ao mesmo tempo em que a aplicação passa a impressão de ventos fortes e galhos balançando.
4 detalhes de "Ritmo de Outono" se destacam:
1 - Sensação de movimento
O turbilhão de linhas, manchas e pontos parece explosivo. Os movimentos enérgicos e dançantes se traduziram em marcas amplas e dinâmicas, de aparência aleatória. A tela é toda cheia de movimento, com marcas aparecendo ao acaso enquanto outras são cuidadosamente coreografadas.
2 - Paleta restrita
Apenas quatro cores foram utilizadas para a composição do quadro. A tela não tinha cobertura, fazendo com que as cores fossem absorvidas pela trama. Olhando de perto é possível perceber, também, que as camadas mais grossas secaram de maneira lenta, deixando a tinta enrugada.
3 - Envolvimento pessoal
O emaranhado da pintura atrai o olhar do observador e faz com que tentemos dar algum sentido à obra, mesmo que ela seja abstrata. As linhas em zigue-zague que vão e voltam sobre si mesmas despertam o envolvimento do observador.
4 - Composição All-Over
A composição não possui nenhum ponto focal e o centro da pintura não é mais importante que as bordas. Pollock costumava dizer que suas pinturas não tinham início ou fim, sendo descritas como composições "all-over".
Ficha Técnica: Ritmo de Outono
Autor: Jackson Pollock
Onde ver: Metropolitan, Nova York, Estados Unidos
Ano: 1950
Técnica: Esmalte sobre tela
Tamanho: 266,7cm x 525,8cm
Movimento: Expressionismo Abstrato.
sexta-feira, 1 de março de 2013
365 DIAS DE ARTE
EFCB, de Tarsila do Amaral
Obras de arte EFCB está exposta no MAC USP em São Paulo. |
O quadro foi pintado depois da viagem de Tarsila a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi nessa época que a artista começou com a pintura intitulada Pau-Brasil, na qual abordava temas e cores extremamente brasileiros.
A obra apresentada hoje foi feita especialmente para a participação da exposição-conferência sobre modernismo organizada pelo poeta Blaise Cendrars, realizada em São Paulo em junho de 1924.
Ficha Técnica:
Autor: Tarsila do Amaral
Onde ver: MAC USP, São Paulo, Brasil.
Ano: 1924
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 142cm x 127cm
Movimento: Modernismo
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