Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas tem como tema as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX.
Escrito em 1881 por Machado de Assis,Memórias Póstumas de Brás Cubas tem como tema as experiências de Brás Cubas, um filho abastado da elite brasileira do século XIX, que narra as suas memórias depois de morto.
O enredo de Memórias Póstumas de Brás Cubas
O enredo da obra começa com o enterro de Brás Cubas, um filho abastado da elite do Rio de Janeiro do século XIX. Seu "fantasma", então, resolve fazer uma retrospectiva dos episódios que marcaram sua vida: o nascimento, a infância, os romances, as desilusões e a morte.
Apesar de seguir ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte, Brás inicia seu relato com seus últimos momentos, para só depois contar a sua biografia.
Os personagens de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Brás Cubas: é o filho abastado da família Cubas e o narrador do livro. Conta suas memórias, escritas após a morte. Por isso, é o responsável pela caracterização de todos os demais personagens. Peralta quando criança, mimado pelo pai, irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem egoísta.
Marcela: primeiro amor de Brás Cubas é uma prostituta de elite. Mulher sensual, mentirosa e ambiciosa, ganha muitas jóias do então adolescente Brás Cubas. Contrai varíola e fica feia.
Virgília: filha de político é o segundo amor de Brás Cubas. Mulher bonita, ambiciosa que parece gostar sinceramente de Brás Cubas, mas não se revela disposta a romper com sua posição social ou dispensar o conforto e o reconhecimento da sociedade.
Eugênia: é filha de Eusébia e Vilaça, casal que Brás Cubas flagrou, quando criança, namorando atrás de uma moita. Por isso, é chamada de a “flor da moita” pelo protagonista. É uma moça séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar franco.
Nhã Loló: última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que morre de febre amarela aos 19 anos.
Lobo Neves: casa-se com Virgília e tem uma carreira política sólida. No entanto, sofre o adultério da esposa com Brás Cubas. É um homem frio, calculista, ambicioso e muito supersticioso.
Quincas Borba: amigo de infância de Brás Cubas, desde criança tinha um temperamento ativo e exaltado. Quando adulto passa pelo estado de mendigo, evoluindo depois para filósofo. Desenvolve um sistema filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e suprimir todos os demais sistemas até se tornar uma religião.
Dona Plácida: empregada de Virgília é confidente e protetora de sua relação extraconjugal.
Nhonhô: filho de Virgília
Sabina: é irmã de Brás Cubas e valoriza mais a posição social do que a amizade e os laços de parentesco.
Cotrin: marido de Sabina é interesseiro e um cruel traficante de escravos.
Síntese de Memórias Póstumas de Brás Cubas
A obra é a autobiografia de Brás Cubas, personagem que, depois de morto, resolve escrever suas memórias, na condição de "defunto-autor", que lhe permite analisar com ironia o comportamento humano e avaliar com auto-ironia as suas próprias atitudes.
Brás Cubas revela e analisa não só os motivos secretos de seu próprio comportamento, mas também expõe as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu.
Desenvolvimento da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” possui um desenvolvimento lento e flui seguindo o ritmo dos pensamentos do narrador. O livro começa com o relato dos últimos momentos de Brás e só depois passa a contar a sua biografia em uma ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte.
Problemática da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis faz uma critica a sociedade brasileira do segundo reinado. O personagem-narrador expõe o comportamento da classe privilegiada, marcada pela hipocrisia social e pelo interesse.
Clímax da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
O clímax do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” se dá quando Brás Cubas percebeu que Virgínia só o "amou" enquanto durou o dinheiro dele. Foi quando ele percebeu que a sociedade é interesseira e egoísta, como também ele próprio era.
Desfecho da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
A obra termina com um capítulo só de negativas. Brás Cubas não se casa, não consegue concluir o emplasto - medicamento que deseja criar para aliviar a melancólica humanidade -, acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é medíocre, e não tem filhos para não transmitir, segundo ele, o legado da nossa miséria.
A linguagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis usa a metalinguagem para convidar o leitor a refletir e a interagir criticamente com a obra. Além disso, em diversos momentos, faz o uso da digressão, interrompendo o fluxo narrativo com reflexões e analogias criadas pela mente do narrador.
O espaço/tempo em Memórias Póstumas de Brás Cubas
A história da obra se passa no Brasil durante o século XIX, e é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo que pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do nascimento e dos fatos da vida.
O outro é o tempo cronológico, onde os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte.
A estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta sua condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto. Isso consiste em afirmar seus méritos não como os de um grande escritor que morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.
Narrador e foco narrativo de Memórias Póstumas de Brás Cubas
A narração é feita em primeira pessoa possibilitando que a história seja contada pelo narrador-observador e protagonista, que conduz o leitor por meio de sua visão de mundo, seus sentimentos e o que pensa da vida.
Contexto histórico de Memórias Póstumas de Brás Cubas
A obra foi criada na segunda metade do século XIX, época em que o capitalismo estava se expandindo e as pessoas ficando cada vez mais materialistas e interesseiras.
Escola literária de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis inaugura o Realismo na literatura brasileira. A obra é a principal representante dessa escola literária, que surgiu na segunda metade do século XIX, com objetivo de retratar a realidade social e os principais problemas e conflitos do ser humano.
Sobre o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, e faleceu no dia 29 de setembro de 1908, em sua cidade natal. Mulato e pobre, foi vítima de preconceito, perdeu a mãe ainda na infância e foi criado pela madrasta. Superando todas as dificuldades da época tornou-se um grande escritor e um dos principais nomes da literatura brasileira. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Entre suas principais obras estão: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba” e “Dom Casmurro”.
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