Memórias de um Sargento de Milícias
Antônio Manuel de Almeida
Escrita por Antônio Manuel de Almeida , “Memórias de um Sargento de Milícias” é uma crítica ao já famoso “jeitinho brasileiro”, a sociedade corrupta e aos favores e vantagens a que são forçados a conviver os cidadãos da sociedade carioca à época em que a Família Real Portuguesa se instalava no Brasil. O protagonista é um típico malandro carioca, mulherengo e que aproveita todas as oportunidades que lhe aparecem para tirar vantagens dos outros.
Publicada pela primeira vez entre os anos 1854 e 1855 em forma de folhetim, Memórias de um Sargento de Milícias não teve, de início, uma grande aceitação do público. O autor, sob o pseudônimo de “um brasileiro” só teve sua identidade revelada após o falecimento. A obra é uma crítica à classe dominante e ao “jeitinho brasileiro” de alcançar objetivos sem muitos esforços.
O enredo de Memórias de um Sargento de Milícias
A obra narra a história do carioca malandro filho de portugueses Leonardo desde o seu nascimento, passando por sua infância travessa, a juventude turbulenta e os meios nada convencionais utilizados por ele e sua madrinha para que consiga assumir o posto de sargento de milícias e tomar um rumo na vida.
Os personagens de Memórias de um Sargento de Milícias
Leonardo: protagonista, um típico anti-herói. É malandro, não possui uma conduta moral exemplar e não gosta de trabalho. Filho de Maria da Hortaliça e Leonardo Pataca, ele é abandonado pelos pais ainda criança e passa a ser criado pelos padrinhos, Compadre e Comadre.
Maria da Hortaliça: a portuguesa mãe de Leonardo fica grávida durante a travessia de navio para o Brasil, mora por algum tempo com o pai da criança, mas abandona o filho para voltar à Portugal com o capitão de um navio.
Leonardo Pataca: pai do protagonista. Conhece Maria da Hortaliça ainda no navio, mas descobre que a mulher o traía e a expulsa de casa. Depois do ocorrido, casa-se com a parteira, Chiquinha, com quem tem uma filha.
Compadre: barbeiro vizinho do casal que mora em frente à casa de Leonardo e Maria. Possui uma boa quantia de dinheiro que conseguiu ao desviar a herança de um capitão à sua sobrinha. É casado com a Comadre, e passam a cuidar do pequeno Leonardo após o abandono dos pais.
Comadre: é uma mulher bondosa que vive buscando livrar o afilhado das confusões que se metia.
D. Maria: amiga de comadre e compadre. É tia de Luisinha.
Luisinha: primeiro amor de Leonardo, sobrinha de D. Maria, é feia, pálida e desajeitada. Acaba por se tornar esposa de Leonardo.
Major Vidigal: é o policial e juiz do enredo.
Vidinha: uma mulata sensual e cantora de modinhas seduz Leonardo, que vive em sua casa por um tempo.
Chiquinha: casa-se com Leonardo Pataca.
Maria Regalada: Primeiro amor de Vidigal. É graças a ela que Leonardo consegue o posto de Sargento de Milícias.
José Manuel: rival no amor de Luisinha, José Manuel é um caça-dotes, uma crítica à aristocracia portuguesa.
Síntese de Memórias de um Sargento de Milícias
Leonardo, filho de Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça, é um garoto travesso desde criança, que cresce cercado de amor pelos padrinhos, mas que ainda assim não demonstra nenhuma vocação religiosa ou mesmo para o trabalho. Apesar de todas as oportunidades que a vida lhe proporcionou, Leonardo prefere aproveitar-se da influência de sua madrinha para alcançar seus objetivos sem ter que se esforçar para isso.
Desenvolvimento da obra Memórias de um Sargento de Milícias
Ao desembarcar no Brasil, após uma viagem de navio saída da cidade do Porto, em Portugal, Maria da Hortaliça começa a sentir os enjôos causados pelas “pisadelas e beliscões” com Leonardo Pataca. Desse relacionamento nasce Leonardo (filho), um garoto travesso e malandro desde criança.
Após ser abandonado pela mãe - que volta para Portugal -, e pelo pai que vai morar com uma cigana, Leonardinho passa a ser criado pelos padrinhos, que tentam, de todas as formas lhe dar uma boa educação e despertar no garoto alguma vocação religiosa, ou ao menos algum senso de responsabilidade. Leonardo se apaixona por Luisinha, uma garota pálida e desajeitada, que se casa com José Manuel, um caça-dotes.
Desiludido, Leonardo se envolve com Vidinha, uma mulata e animada, com quem vai morar. Graças a um dos primos de Vidinha, apaixonado pela moça, Leonardo vai preso, mas consegue fugir, deixando o delegado Vidigal a sua espera.
Nessa época, graças aos seus conhecimentos sobre a arte da malandragem, o rapaz se transformou em granadeiro, no entanto alertou um suspeito e foi preso por conta disso. Sua madrinha, novamente teve de interceder por sua soltura, mas como Vidigal permaneceu irredutível, a Comadre apelou à Maria Regalada, que aceitou o pedido do delegado e foi morar com ele. Em troca, Vidigal transformou Leonardo em Sargento. A essa altura do campeonato, José Manuel havia morrido e deixado Luisinha viúva, ao reencontrar com a moça, já refeita e formosa, Leonardo reascendeu a antiga paixão. Um último pedido a Vidigal, e o rapaz foi feito Sargento de Milícias para que pudesse se casar.
Problemática da obra Memórias de um Sargento de Milícias
A questão central da obra se propõe a demonstrar uma sociedade na qual quem pode tirar proveito de outras pessoas o faz sem hesitar.
Clímax da obra Memórias de um Sargento de Milícias
O clímax da obra certamente é o momento em que o virtuoso Vidigal se rende aos encantos de Maria Regalada e concede a soltura de Leonardo, promovendo-o a Sargento. Deste momento em diante, o protagonista parece, enfim, ter tomado um rumo em sua vida e passa a ser mais respeitado, culminado com o seu casamento com a doce Luisinha, agora viúva de José Manuel.
Desfecho da obra Memórias de um Sargento de Milícias
O casamento de Leonardo e Luisinha, que parecia algo impossível em virtude dos atos inconsequentes do protagonista, marca o desfecho final da obra.
A linguagem de Memórias de um Sargento de Milícias
A linguagem do livro é a mesma utilizada nas ruas do Rio de Janeiro na época em que a obra foi escrita. São utilizadas gírias e expressões deixando a linguagem coloquial.
O espaço/tempo em Memórias de um Sargento de Milícias
O livro retrata o período em que a Família Real Portuguesa se encontrava no Brasil, em algum ponto entre 1808 e 1822. As personagens estão ambientadas na cidade do Rio de Janeiro.
Narrador e foco narrativo de Memórias de um Sargento de Milícias
Narrado em terceira pessoa.
Contexto histórico de Memórias de um Sargento de Milícias
O período em que a Coroa Portuguesa se instalou no Brasil foi um momento crítico na nossa história, em virtude das mudanças sociais a que foram submetidas o povo brasileiro. O primeiro momento de descontentamento foi quando os moradores das melhores residências tiveram que abrir mão de suas moradias em detrimento da aristocracia portuguesa. Em seguida, os gastos exorbitantes da Família Real agravavam a crise econômica, a fome e a miséria na qual viviam os brasileiros. Esse sentimento de crítica permeia a obra toda, que passa “alfinetar” o comportamento do povo diante de tal situação: todos buscavam obter algum tipo de vantagem.
Escola literária de Memórias de um Sargento de Milícias
Romantismo.
Sobre o autor de Memórias de um Sargento de Milícias
Antônio Manuel de Almeida foi um médico e escritor brasileiro. Nascido em 1831, na cidade do Rio de Janeiro, Almeida teve uma infância pobre, que influenciou diretamente em sua obra, uma vez que àquela época, eram retratados nos romances românticos os salões e ambientes aristocráticos.
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