sexta-feira, 8 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

Sem Esperança, de Frida Kahlo

A artista é conhecida pela intensa produção de autorretratos que, muitas vezes, tinham significados profundos e pessoais sobre seus sofrimentos físicos e emocionais.

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón (06/07/1907 - 13/07/1954) foi uma pintora mexicana e sua vida já citada em postagens anteriores, foi marcada por grandes sofrimentos físicos e emocionais.
A obra "Sem Esperança" mostra Frida presa à uma cama, em uma paisagem absolutamente rude e estéril, com uma terrível cornucópia de carne e peixes variados em um cone carnoso suspenso acima da boca da artista representada no quadro. Embora seja pequena, a pintura é considerada uma das mais perturbadoras e poderosas pinturas de Frida.
Na época em que pintou a obra, a falta de apetite da pintora a levou a tamanha perda de peso que ela precisava ser alimentada através de um funil. Na pintura o funil ganhou novas dimensões - tão grande que precisa ser apoiado em uma estrutura de madeira - e não está cheio de comida triturada, mas sim de pilhas de carne crua.
No verso do quadro, Frida colocou uma inscrição que dá nome ao quadro: "Não resta nem a menor esperança em mim ... Tudo se move em sintonia com o que o estômago contém".



5 detalhes de "Sem Esperança" se destacam:


1 - Expressão de dor
Frida lança ao espectador um olhar suplicante, ao mesmo tempo em que lágrimas escorrem de seu rosto. Apenas a cabeça e os ombros estão para fora dos lençóis, o que ajuda a passar a sensação de constrição. Nesse período Frida era, realmente, forçada a passar grande parte de seu tempo na cama, com um colete ortopédico. A artista sofreu mais de 30 operações ao longo da vida.


2 - Festa dos mortos
O enorme funil usado para alimentar a pintora transborda com uma mistura nauseante de carne, peixes e aves. A ideia do funil como um instrumento de tortura (como ele aparece representado na pintura) provavelmente foi tirada de um livro sobre a Inquisição Espanhola. No topo do monte de comida crua encontra-se uma caveira mexicana de açúcar com o nome da artista. Essas caveiras eram comuns no dia dos mortos e seu papel na pintura é fazer uma alusão à morte, enquanto o açúcar com que ela é feita representa a doçura da vida.


3 - Fundo estéril
O cenário da paisagem representada no quadro é um deserto ressequido e tem sido interpretado como uma referência à esterilidade da artista. Os ferimentos que teve aos 18 anos, num acidente de bonde, a impossibilitaram de ter filhos.


4 - Lua
Nas laterais do quadro encontram-se imagens da lua e do sol. Uma das interpretações para a presença desses símbolos é a dor implacável da pintora, que persistia dia e noite. Em outra visão, a lua simboliza a própria Frida.


5 - Sol
Nessa obra o sol pode ser uma alusão específica a seu marido, Diego Rivera. Outras interpretações dão conta de que o sol trata-se de uma referência aos cravos-de-defunto laranja, comuns nas festas mexicanas do Dia dos Mortos.




Ficha Técnica: Sem Esperança


Autor:  Frida Kahlo
Onde ver: Museu Dolores Olmedo Patiño, Cidade do México, México
Ano: 1945
Técnica: Óleo sobre tela montada sobre HDF (painel de fibras de alta densidade)
Tamanho: 28cm x 36cm
Movimento: Simbolismo

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quarta-feira, 6 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

Dia de Lentidão, de Yves Tanguy

O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar.

Raymond Georges Yves Tanguy (05/01/1900 - 15/01/1955), foi um pintor surrealista que desenvolveu seu próprio estilo de pintura. Suas pinturas são reconhecidas rapidamente por seu surrealismo abstrato. Mostram vastas paisagens abstratas, a maioria com uma paleta de cores muito limitada, mostrando flashes apenas de cor contrastante. Normalmente estas paisagens são povoadas por várias formas abstratas, às vezes, angular e afiado como cacos de vidro e às vezes com enormes amebas gigantes petrificadas. Tanguy morre em 1955 vítima de um derrame.
A obra apresentada hoje chama-se, em francês, Jour de lenteur, título que passa a sensação de tédio, até mesmo desesperança, exacerbada pela imobilidade da composição. Assemblages perturbadoramente passivas povoam a pintura, como se de repente tivessem sido detidas no meio do caminho.
A ameaça de um conflito armado na década de 1930, aliada às previsões de uma guerra tecnológica tornam a imagem com um tom apocalíptico.
O cenário retratado é ambíguo e lembra as praias e desertos de Dalí, ao mesmo tempo que faz alusão a uma origem aquática ou lunar. É impossível distinguir o horizonte e à distância tem-se a impressão de dunas ondulantes e céu enevoado. Essa falta de definição tira a cena da realidade e cria um clima de pressentimentos. Dispostos em seis grupos distintos, diversos objetos estranhos ocupam o primeiro e o médio planos, transpirando uma estranha semelhança biomórfica. Em primeiro plano se vê uma enigmática forma animal, que pode ser um cavalo encouraçado ou um pequeno cão, símbolo da burguesia parisiense.
Os objetos cuidadosamente posicionados conduzem o olhar do espectador pela pintura, convidando-o a imaginar seu simbolismo e sua história.



3 detalhes de "Dia de Lentidão" se destacam:


1 - Criatura quadrúpede
A criatura quadrúpede no primeiro plano da obra costuma ser descrita como um cavaleiro medieval montado em seu cavalo, outra metáfora bélica atribuída à pintura.


2 - Sombras
Diversas sombras dão solidez as estruturas na obra, mas um olhar atento revela que essas sombras são tão duvidosas quanto os objetos dos quais se projetam.


3 - Formas transparentes
Misteriosas formas transparentes se espalham em diversos lugares da pintura. O artista acrescentava por último, fazendo uso de um pincel fino de tinta branca.



Ficha Técnica: Dia de Lentidão


Autor: Yves Tanguy
Onde ver: Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris, França
Ano: 1937
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 92cm x 73cm
Movimento: Surrealismo

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segunda-feira, 4 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

Cena de Rua em Berlim, de Ernst Ludwig Kirchner

As formas angulosas, as cores ácidas e os rostos tensos como máscaras dão à pintura uma intensidade de pesadelo.

Ernst Ludwig Kirchner (1880 - 1938) foi um pintor expressionista alemão. Foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista "Die Brücke". Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade.
As formas angulosas, as cores ácidas e os rostos tensos como máscaras dão à pintura uma intensidade de pesadelo. A obra faz parte de uma série de cenas de rua de Berlim, pintadas entre os anos de 1913 e 1915, depois da mudança de Kirchner de Dresden para a cidade.
Berlim era considerada uma das maiores e mais vibrantes capitais da Europa na época e, embora o artista se sentisse sozinho na cidade, se inebriou do que nomeou de "sinfonia da cidade grande". Entre as suas atrações estava a decadente vida noturna, com as roupas e a atitude desembaraçada das duas mulheres apresentadas no centro do quadro, que não deixa dúvidas de que elas eram prostitutas.
A imagem apresenta, também, uma atmosfera claustrofóbica, criada em parte pela impressão de que a rua sobe em direção ao observador e as figuras parecem opressivamente perto.
A cena é vista como que pelos olhos de um passante solitário - fisicamente perto de outras pessoas, mas emocionalmente distante. O pintor capta na obra as emoções vertiginosas e o materialismo vulgar da capital às vésperas da guerra.


3 detalhes de "Cena de Rua em Berlim" se destacam:


1 - Duas mulheres
Na época em que a pintura foi feita, casacos de gola de pele e extravagantes chapéus com pena eram parte do vestuário típico das prostitutas em Berlim, assim como os rostos mal maquiados. Kirchner usou como modelo duas irmãs, dançarinas de uma boate, que conheceu logo que se mudou para Berlim.


2 - Homem fumando
O homem que vira a cabeça para longe das mulheres - talvez com embaraço - é interpretado como um autorretrato do pintor.


3 - Ônibus verde
No fundo do quadro há um ônibus puxado por cavalos. É o número 15, que passava perto do distrito da luz vermelha de Berlim. Na época já existiam ônibus motorizados em Berlim, mas os cavalos ainda eram a principal forma de transporte, mesmo nas grandes cidades.




Ficha Técnica: Cena de Rua em Berlim


Autor: Ernst Ludwig Kirchner
Onde ver: Neue Galerie, Nova York, Estados Unidos
Ano: 1913
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 121cm x 95cm
Movimento: Expressionismo Alemão

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Postei apenas para não terem dúvidas, pois vi escrito com o final "L".

sábado, 2 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

Ritmo de Outono, de Jackson Pollock

A obra é resultado de uma "action painting", ou seja, resultado do envolvimento físico do artista com a tela, numa batalha emocional.

Paul Jackson Pollock (28/01/1912 - 11/08/1956) foi um pintor norte-americano e referência no movimento do expressionismo abstrato.
O artista tinha o hábito de colocar as obras no chão de seu ateliê e salpicá-las com tinta usando a ponta do pincel, varetas ou ainda jogá-las diretamente da lata. O trabalho era espontâneo, mas altamente controlado.
Essa é uma das pinturas mais conhecidas do artista e puxa o observador para dentro de suas teias complexas, assim como a sua energia inquieta e suas dimensões enormes. Obras dinâmicas como essa deram a Pollock a fama de revolucionar como a pintura era feita.
Em "Ritmo de Outono" o artista parece ter se limitado a quatro cores terrosas e harmoniosas, que sugerem os tons da paisagem de outono ao mesmo tempo em que a aplicação passa a impressão de ventos fortes e galhos balançando.



4 detalhes de "Ritmo de Outono" se destacam:


1 - Sensação de movimento
O turbilhão de linhas, manchas e pontos parece explosivo. Os movimentos enérgicos e dançantes se traduziram em marcas amplas e dinâmicas, de aparência aleatória. A tela é toda cheia de movimento, com marcas aparecendo ao acaso enquanto outras são cuidadosamente coreografadas.


2 - Paleta restrita
Apenas quatro cores foram utilizadas para a composição do quadro. A tela não tinha cobertura, fazendo com que as cores fossem absorvidas pela trama. Olhando de perto é possível perceber, também, que as camadas mais grossas secaram de maneira lenta, deixando a tinta enrugada.


3 - Envolvimento pessoal
O emaranhado da pintura atrai o olhar do observador e faz com que tentemos dar algum sentido à obra, mesmo que ela seja abstrata. As linhas em zigue-zague que vão e voltam sobre si mesmas despertam o envolvimento do observador.


4 - Composição All-Over
A composição não possui nenhum ponto focal e o centro da pintura não é mais importante que as bordas. Pollock costumava dizer que suas pinturas não tinham início ou fim, sendo descritas como composições "all-over".




Ficha Técnica: Ritmo de Outono


Autor: Jackson Pollock
Onde ver: Metropolitan, Nova York, Estados Unidos
Ano: 1950
Técnica: Esmalte sobre tela
Tamanho: 266,7cm x 525,8cm
Movimento: Expressionismo Abstrato.

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sexta-feira, 1 de março de 2013

365 DIAS DE ARTE

EFCB, de Tarsila do Amaral

Obras de arte EFCB está exposta no MAC USP em São Paulo.

O quadro foi pintado depois da viagem de Tarsila a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi nessa época que a artista começou com a pintura intitulada Pau-Brasil, na qual abordava temas e cores extremamente brasileiros.
A obra apresentada hoje foi feita especialmente para a participação da exposição-conferência sobre modernismo organizada pelo poeta Blaise Cendrars, realizada em São Paulo em junho de 1924.


Ficha Técnica:


Autor: Tarsila do Amaral
Onde ver: MAC USP, São Paulo, Brasil.
Ano: 1924
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 142cm x 127cm
Movimento: Modernismo

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