segunda-feira, 14 de outubro de 2013

365 DIAS DE ARTE

O Milagre de São Marcos, de Tintoretto

A grande composição retrata a história do milagre de São Marcos ao libertar o escravo de um nobre da Provença que desobedecera seu senhor ao visitar o santuário de São Marcos.

Tintoretto, como era conhecido Jacopo Robusti (1518 - 31/05/1594) foi um dos pintores mais radicais do Maneirismo. Por sua energia fenomenal em pintar, foi chamado "II Furioso", e sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco. Seu pai, Battista Comin, era "tintore" (tingia seda), o que lhe valeu o apelido.
A obra de hoje, feita para a "Scuola Grande di San Marco", foi considerada o divisor de águas na carreira do pintor. Na época, a pintura causou alvoroço em Veneza devido à natureza inédita de duas imagens e inicialmente foi rejeitada e devolvida. A obra inaugura um estilo considerado mais dramático do Maneirismo.
A grande composição retrata a história do milagre de São Marcos ao libertar o escravo de um nobre da Provença que desobedecera seu senhor ao visitar o santuário de São Marcos, em Lyon. A punição decretada pelo nobre, que encontra-se sentado no alto, à direita, foi a cegueira e a mutilação.
O corpo do escravo encontra-se estendido no chão, no centro da composição, cercado por observadores enquanto um homem se prepara para perfurar seu olho com uma estaca de madeira. Ao mesmo tempo, outro homem exibe os instrumentos de tortura.
Exatamente nesse momento surge São Marcos, vindo do alto para salvar o condenado. As figuras em primeiro plano contrastam com a serenidade da arquitetura clássica ao fundo que cerca um jardim - há ainda duas figuras no portão, totalmente alheias ao que se passa ali perto. Essas figuras aumentam a tensão e dramaticidade dos eventos que estão ocorrendo em primeiro plano.



3 detalhes de "O Milagre de São Marcos" se destacam:


1 - Pigmentos caros
Tintoretto adaptava seu estilo ao tipo de pintura e conforme o cliente. Dessa forma, pigmentos caros, como o azul-ultramar presente na obra, só eram usados amplamente em obras de clientes aristocráticos. Em geral, as cores mais frias eram substituídas por vermelhos e dourados.


2 - Texturas
O contraste de texturas utilizado pelo pintor fica visível no brilho do capacete, na solidez do martelo e nos estilhaços da estaca contra a carne branca e brilhosa do escravo deitado no chão.


3 - Poses dinâmicas
Poses dinâmicas, retorcidas e encurtadas como a figura de vermelho com costas e braços musculosos lembram a pintura maneirista. Entretanto, esse tipo de recurso não apresenta a mesma elegância.




Ficha Técnica: O Milagre de São Marcos


Autor: Tintoretto
Onde ver: Scuola Grande di San Marco, Veneza, Itália
Ano: 1542 - 1548
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 415cm x 541cm
Movimento: Renascimento

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

365 DIAS DE ARTE

A Virgem do Chanceler Rolin, de Jan Van Eyck

A obra apresenta uma minuciosidade magistral. Todo esse detalhismo era necessário porque a pintura estava destinada a ficar em uma pequena capela.

Jan van Eyck (1390 - 1441) foi um pintor flamengo do século XV. Fundador de um estilo pictórico gótico tardio, influenciando em muito o Renascimento nórdico. O artista é visto como o mais célebre dos primitivos flamengos.
Foi um pintor igualmente caracterizado pelo naturalismo, imperando na sua obra meticulosos pormenores e vivas cores, além de uma extrema precisão nas texturas e na busca por novos sistemas de representação da tridimensionalidade, ou seja, a perspectiva.
Porém, não recorria com tanta frequência à perspectiva, pintando a madeira em que concebia seus quadros de branco, o que concedia à pintura um excepcional brilho e um ligeiro efeito de profundidade. A madeira ressequida era também polida. Dizem que o artista era muito inovador e até um pouco atrevido para a época. Inventou a tinta a óleo com secagem rápida e em 1425 casou-se com a Infanta de Portugal D. Isabel.
O trabalho hoje apresentado, foi encomendado por Nicolas Rolin, chanceler do Ducado da Borgonha, retrata a Virgem coroada por um anjo pairando sobre si, enquanto ela apresenta o menino Jesus para Rolin. A cena se desenrola dentro de um espaçoso alpendre de estilo italiano, com rica decoração de colunas e baixos relevos.
A paisagem ao fundo se assemelha a uma cidade com um rio e possivelmente é Autum, cidade natal de Rolin. Nela são retratados palácios detalhados, igrejas, uma ilha, pontes e torres, montes e campos, todos sujeitos a uma luz uniforme.




Ficha Técnica: A Virgem do Chanceler Rolin


Autor: Jan van Eyck
Onde ver: Louvre, Paris, França
Ano: 1435
Técnica: Óleo sobre tela
Movimento: Gótico Flamengo

terça-feira, 10 de setembro de 2013

365 DIAS DE ARTE

De Onde Viemos?, de Paul Gauguin


Eugène-Henri-Paul Gauguin (07/06/1848 - 08/05/1903) foi um pintor francês do pós-impressionismo.
A obra apresentada hoje conta uma história como várias outras de Gauguin. O cenário da pintura é o Taiti, lugar no qual o pintor passou a maior parte de seus últimos dez anos. Os corpos sólidos e sensuais que aparecem na pintura, assim como as formas sinuosas das árvores e o colorido intenso, evocam o paraíso tropical, parte real e parte imaginário, que o inspirou.
As figuras nos planos mais próximos representam o ciclo de vida, refletindo as questões propostas pelo pintor no título de sua obra. O ciclo se inicia na direita, com um bebê dormindo e termina na extrema esquerda com uma mulher idosa e uma ave.
A obra deixa evidente o hábito do pintor em utilizar as cores saturadas e figuras ousadas, com contornos nítidos, para criar uma composição quase abstrata. A cor cria um poderoso impacto com seus contrastes entre o verde e o azul das matas e o amarelo dos corpos. Além disso, a cor tem, também, uma função decorativa e sensual.
A pintura era considerada pelo autor o ponto culminante de sua obra, na qual ele demonstrou o uso radical da cor e forma que o tornou tão influente.



5 detalhes de "De Onde Viemos? O Que Somos? Para Onde Vamos?" se destacam:


1 - Bebê adormecido
O bebê dormindo aparece no canto direito da tela, seguindo a convenção oriental de leitura. A criança representa o início do ciclo da vida.



2 - Fruta colorida
Enchendo a altura da tela encontra-se um jovem que se estica para colher uma fruta. Esse é o ponto focal da pintura. A forma de seu corpo é delineada em preto e os tons brilhantes de sua pele são realçados pelo fundo predominantemente azul e verde.



3 - Divindade
A figura em azul, imaterial e baseada em relevos polinésios indica o mundo do além. Ela também aparece em outras obras do artista, devido ao seu choque com a distribuição pelos missionários cristãos de arte sacra nativa no Taiti.



4 - Título
Perto do fim de sua vida, Gauguin passou a intitular suas obras com perguntas. O artista respondeu às próprias perguntas dizendo que somos uma existência mundana e que vamos para junto da morte.



5 - Velha
Sentada próxima a uma bela jovem encontra-se uma mulher idosa e de pele escura. Ela se agacha na sombra, como se estivesse esperando pelo fim da vida. A ave branca parada ao seu redor pode ser uma representação da fase final e desconhecida que se segue a morte.




Ficha Técnica: De Onde Viemos? O Que Somos? Para Onde Vamos?


Autor: Paul Gauguin
Onde ver: Museum of Fine Arts, Boston, EUA
Ano: 1897-98
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 139,1cm x 374,6cm
Movimento: Pós-Impressionismo

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

365 DIAS DE ARTE

Composição VII, de Wassily Kandinsky

As composições do artista causavam controvérsia e deixavam as pessoas confusas diante das pinturas que se assemelhavam a murais.

Wassily Kandinsky (16/12/1866 - 14/12/1944) foi um artista russo, professor e introdutor da abstração no campo das artes visuais da Escola de Bauhaus. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade francesa. Estudou Direito e Economia na Universidade de Moscou, chegando a diplomar-se em Direito aos 30 anos, porém desistiu da carreira.
Sobre a obra de hoje, foram produzidas apenas dez composições e cada uma delas foi resultado de ampla meditação e planejamento. Composição VII é reconhecida como a melhor e mais ousada pintura da série.
As composições do artista causavam controvérsia e deixavam as pessoas confusas diante das pinturas que se assemelhavam a murais. As obras pareciam caóticas, sem tema, estrutura ou mesmo formas naturais reconhecíveis. No entanto, esse era um dos objetivos do pintor, que acreditava que era possível encontrar uma nova sinfonia em meio ao caos.



4 detalhes de "Composição VII" se destacam:


1 - Cor
A cor sempre foi um dos elementos mais importantes nas pinturas de Kandinsky. O pintor tinha um código próprio de cores, no qual atribuía valores especiais e expressivos a cada matiz.


2 - Tom
Kandinsky comparava os tons a timbres musicais, o que permitia que o artista variasse a atmosfera de suas pinturas. Uma tática usada por ele era a introdução de áreas de cores simples, quase monocromáticas, que equilibrassem a atividade furiosa presente em outras áreas do quadro.


3 - Forma
O artista testava, em seus esboços, um grande repertório de componentes, procurando pela fórmula exata. Na maioria dos estudos estava presente uma variante desse elemento poderoso, que domina o centro da imagem. Esse centro funciona como uma âncora, mantendo-se constante enquanto os outros elementos pairam freneticamente ao redor.


4 - Imagens ocultas
Embora o pintor tenha se empenhado em disfarçar os elementos figurativos em suas obras abstratas, alguns deles ainda podem ser identificados na obra, como uma escada e uma flor presentes no canto superior esquerdo do quadro.




Ficha Técnica: Composição VII


Autor: Wassily Kandinsky
Onde ver: Tretyakov Gallery, Moscou, Rússia
Ano: 1913
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 200cm x 300cm
Movimento: Expressionismo Alemão.

UM POUCO DE... LÍNGUA PORTUGUESA!