segunda-feira, 30 de abril de 2012

RESUMO DE OBRAS LITERÁRIAS UTILIZADAS NOS MAIORES VESTIBULARES DO BRASIL

Capitães da Areia, de Jorge Amado


(Crédito: Reprodução)


Capitães da Areia, de Jorge Amado, tem como tema principal a sociedade, em específico os garotos de rua. A obra mostra as diferenças de classe, a má distribuição de renda e os efeitos da marginalidade na vida de crianças e adolescentes. A obra foi publicada em 1937 e pertence à primeira fase do escritor.
A narrativa, de cunho documental e realista, aborda a crueldade da vida dos meninos de rua, a luta diária por alimento e dinheiro. As desigualdades sociais e o comportamento violento dos meninos são abordados como frutos da marginalização; da desonestidade, do egoísmo e do pouco caso das classes dominantes. Mas o livro também mostra a pureza das crianças.


O enredo de Capitães da Areia
Capitães da Areia é dividido em quatro partes e a primeira é composta por supostas cartas em resposta a uma matéria sobre os capitães da areia. Algumas pessoas defendem e outras acusam o grupo. São quarenta meninos, mais ou menos, entre nove e dezesseis anos, sujos, que dormiam nas ruínas de um trapiche. Liderados por Pedro Bala, eles roubam para sobreviver, e desde muito jovens já bebiam e fumavam. Além desses pequenos expedientes, os Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães.
Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração, com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras das ruas e da areia à falsa instituição.
Um dia, a cidade de Salvador teve uma epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam isolados no lazareto. Almiro, o primeiro do grupo a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando.
Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora (que entrou para o bando tempos antes).
Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria. Após invadirem o reformatório, Pedro, Professor e Volta-Seca fugiram, levando Dora consigo. Não resistindo, ela morreu na manhã seguinte. Don’aninha embrulhou-a em uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus levou-a em seu carro, jogando-a em alto mar. Dali pra frente, cada um seguiu seu rumo na vida.


Os personagens de Capitães da Areia
Pedro Bala (em cerca de 90% do livro, ele foi o chefe dos Capitães da Areia, retirando do poder Raimundo, o antigo líder), Dora (chega no meio do romance com treze para quatorze anos e era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele), Professor (único parcialmente estudado do grupo, pois era o único que sabia ler), Gato, Volta-Seca, Sem Pernas, João Grande, Pirulito, Boa Vida, João-de-Adão, Don’Aninha, Padre José Pedro e Querido-de-Deus.



Síntese de Capitães da Areia
O romance narra a realidade de menores abandonados da Bahia, que vivem num velho trapiche. O grupo, liderado por Pedro Bala, é composto por meninos que lutam diariamente pela sobrevivência, tornam-se homens muito cedo, aprendem a reagir à situação de que são vítimas. Possuem vida sexual, lidam com dinheiro, enganam, roubam, estupram, enfrentam a polícia, aprendem que a infância não é para eles.
Jorge Amado mostra como os meninos recebem a crueldade da sociedade e como agem com ela em resposta, mas também a pureza de criança de cada menino. Filho de um líder sindical, Pedro Bala fica órfão cedo e aprende a lidar com a realidade das ruas. Corajoso, torna-se o líder dos Capitães da Areia. Conhece os prazeres sexuais ainda jovem, tanto ele como os demais do grupo estupram as negrinhas nas ruas à noite e frequentam bordéis. Apesar disso, Pedro descobre o amor puro da adolescência com Dora, órfã cujos pais morrem da epidemia de varíola.
Dora torna-se sua noiva e integrante ativa do grupo, participando de todas as ações na companhia dos meninos. Em um dos roubos, os meninos são presos pela polícia. Num ato de coragem, Pedro Bala consegue distrair os policiais para que os amigos possam fugir. No entanto, ele e Dora são presos. O líder do bando vai para o reformatório, onde é torturado pela polícia; e Dora, para o orfanato, onde também sofre maus-tratos. Bala consegue fugir e resgata a namorada, que adoece pelo tratamento recebido. O casal vive uma noite de amor e Dora amanhece morta.
Tendo Dora como musa, como a mulher mais forte que já existiu na Bahia, Pedro Bala continua a luta diária, e encontra na luta sindical a esperança. Pedro representa o idealismo e a resistência.
O grupo possui ainda outros personagens importantes: o negro João Grande, bondoso e forte; o Professor, de grande potencial artístico e intelectual; Pirulito, místico e introvertido; o Gato, elegante e conquistador, típico malandro brasileiro; o Sem-Pernas, menino com deficiência, cuja revolta encobre a pureza e a bondade; Volta Seca, afilhado de Lampião.


Desenvolvimento da obra Capitães da Areia
Capitães da Areia passa toda em Salvador contando a história dos meninos de rua, que assaltavam para sobreviver. O líder do bando se apaixona pela única menina que passa a integrar o grupo tempo depois de a história começar.


Problemática da obra Capitães da Areia
Os meninos assaltavam para garantir seu “sustento” e são presos durante uma das ações. Os dois personagens principais conseguem libertar o grupo, mas acabam sendo pegos pela polícia.


Clímax da obra Capitães da Areia
Quando Dora e Pedro Bala são presos, mas depois saem do reformatório e se encontram para uma noite de amor.


Desfecho da obra Capitães da Areia
Após serem libertados, Pedro Bala e Dora passam uma noite de amor, mas ela acaba morrendo na manhã seguinte devido aos tratamentos que recebeu quando presa.


A linguagem de Capitães da Areia
É coloquial com expressões ditas no cotidiano sem formalidade e sem censura.


O espaço/tempo em Capitães da Areia
A história se passa toda na Bahia, em Salvador. A obra acontece na década de 1930.


Narrador e foco narrativo de Capitães da Areia
Narrada em terceira pessoa, sendo o autor, Jorge Amado, apenas expectador. Ele se comporta, durante todo o desenvolvimento do tema, de maneira indiferente, criando e narrando os acontecimentos sem se envolver diretamente com eles.


Contexto histórico de Capitães da Areia
A obra, escrita na década de 1930, tem relação com o colapso econômico do Brasil após a queda da Bolsa de Nova York. Foi quando o Brasil viveu a Revolução de 30, reflexo da revolta de jovens militares, da população de classe média, do proletariado urbano e das oligarquias nordestinas e sulistas. Jorge Amado foi um dos mais importantes militantes dessa época e um dos autores responsáveis pela criação de um estilo novo na literatura, moderno e liberto da linguagem tradicional. Nele, incorporou-se a linguagem regional e as gírias locais.


Escola literária de Capitães da Areia
Modernismo.


Sobre o autor de Capitães da Areia
Jornalista e romancista, Jorge Amado nasceu na cidade de Itabuna, na Bahia, em 1912. Filho do Coronel João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado, passou a infância em Ilhéus. Cursou o secundário em Salvador, e viveu a adolescência no mesmo lugar, onde teve os primeiros contatos com a vida popular, que marcaria profundamente a sua obra.
Estreou na literatura em 1930, com a publicação da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Foi traduzido para 48 idiomas e dialetos. Teve também romances adaptados para o cinema, o teatro, o rádio e a televisão.

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